Imagem Blog

Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
Continua após publicidade

Boêmio, Paulo Caruso gostava de rabiscar em bares de São Paulo

Fã de uísque, o cartunista morto neste sábado (4) teve até uma exposição em um dos endereços que frequentava

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 mar 2023, 21h11 - Publicado em 4 mar 2023, 18h05
tiro liro caruso
Tiro Liro: bar sediou uma exposição do cartunista (Dudu Antunes/Divulgação)
Continua após publicidade

O cartunista Paulo Caruso, que morreu na manhã deste sábado (4), aos 73 anos, era um boêmio raiz. Morador da região da Vila Madalena, o paulistano costumava frequentar bares da região e de outros pontos da cidade. Com a mão habilidosa, não raro fazia caricaturas da freguesia, assim como desenhava os convidados do programa Roda Viva (TV Cultura), no qual trabalhou por mais de três décadas.

Caruso, que também era ilustrador, chargista e músico, e colaborou para jornais e revistas, bebia em endereços como o extinto Genial, na Rua Girassol, e o Genésio e o Filial, na Rua Fidalga. “O legal é que são bares que remontam a uma belle époque do lazer e do prazer de beber”, afirmou o cartunista em uma matéria da Vejinha sobre o extinto Genésio e o Filial, que eram parte do mesmo grupo.

“Fazíamos o jornal do Vou Vivendo também”, relembra o produtor musical Helton Altman sobre este bar que teve no bairro (foi sócio ainda dos outros três estabelecimentos citados). “Caruso também ia, desde os anos 80, ao (extinto) Clube do Choro“, completa, sobre a casa que tocou nos Jardins.  Na região da Vila Madalena, o desenhista também visitava o extinto Bom Motivo, conhecido pelas apresentações de MPB, antes de o lugar encerrar as atividades.

Genial
O ambiente do extinto bar Genial: na Vila Madalena (Fernando Moraes/Veja SP)

Um dos bares prediletos Caruso fica em Perdizes. É o Tiro Liro, instalado numa esquina íngreme da Rua Cotoxó, numa casa com chão de ladrilho hidráulico e balcão de madeira escura. O cartunista tinha até tinha uma mesa favorita: a de número 9, embora vez ou outra ficasse na 5.

Continua após a publicidade

O bar era o ponto de encontro do artista, um habitué, na fase mais boêmia. Ele rabiscava nos rótulos das garrafas de uísque que consumia — de preferência, o escocês Black & White –, com desenhos que faziam alusão aos papos da noite. Em 2013, rolou até uma exposição na casa, chamada Confesso que Bebi, com mais de quarenta obras elaboradas no correr de uma década ali no boteco.

Os irmãos Chico e Paulo Caruso, n'O Pasquim
Os irmãos Chico e Paulo Caruso, n’O Pasquim (O Pasquim Bar & Prosa/Divulgação)

Nos últimos anos, Caruso maneirava nos hábitos etílicos. “Ele parou com o uísque há um bom tempo, uns anos. Agora, tomava vinho branco. Estava pegando leve, ordens médicas”, diz o sócio do Tiro Liro, Toninho Bastos.

Continua após a publicidade
O Pasquim Bar & Prosa
O cartunista Paulo Caruso em frente a obra que fez para O Pasquim Bar & Prosa (O Pasquim Bar & Prosa/Divulgação)

Outro ponto que o cartunista frequentava nos últimos tempos era O Pasquim Bar & Prosa, endereço da Vila Madalena que tem desenhos de Caruso nas paredes. “Ele ia praticamente todos os dias”, conta o sócio Humberto Munhoz. No início, quando o bar abriu, em 2014, o cliente costumava virar a madrugada junto de amigos do bairro tomando seu uisquinho — ele cresceu logo ao lado.

Com o avançar de um câncer no intestino, foi diminuindo as noitadas e passou a dar pinta mais no almoço. Saboreava sempre salmão grelhado com purê de mandioquinha acompanhado de vinho branco ou rosé. E não deixava de retratar a freguesia. “Centenas de clientes tiveram o privilégio de ser desenhados por ele”, diz Munhoz.

Nos últimos meses, sem poder beber, Caruso tomava espumante sem álcool, sobretudo nos convescotes familiares. Mas, se você gosta (e pode) bebericar um uisquinho, sugiro que, neste sábado (4), brinde o legado de Caruso com um trago, como ele gostava. (Com moderação.) Tim-tim a Caruso.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.