Fran’s Café abre loja conceito 24 horas com “roofcoffee”
Depois de um período de desaceleração em São Paulo, rede de cafeterias badalada nos anos 2000 lança novos preparos da bebida e até drinques
Fechado desde o fim de 2018, o ponto que pertenceu por mais de duas décadas a uma badalada cafeteria em Pinheiros, na Praça Benedito Calixto, está prestes a ser reaberto. Essa icônica unidade do Fran’s Café, que encerrou as atividades tal qual tantas outras lojas da marca (as da extinta Fnac, a da Rua Haddock Lobo, a da Rua Heitor Penteado…), tem previsão de retorno no próximo 25 de janeiro, com o nome de Fran’s Café Origem.
O imóvel, inativo por pouco mais de três anos, passou por uma longa reforma, que acaba de terminar, e abrigará a loja-conceito da grife, com o investimento estimado em 3,5 milhões de reais. Essa antiga franquia, adquirida pelo próprio Fran’s Café, torna-se o único endereço próprio da rede na cidade. Das atuais sessenta unidades no país, apenas seis têm a participação efetiva dos donos na operação, e nenhuma delas ficava, até então, na capital paulista.
Com projeto arquitetônico atualizado, esse será o maior dos estabelecimentos, com 200 metros quadrados e capacidade para mais de oitenta lugares. Os salões, divididos em dois pisos, são recortados com faixas de vidro para filtrar a luz solar e terão exposições temporárias com a curadoria do artista visual Bieto, autor do grafite da fachada.
No andar de cima, o cliente poderá ter a experiência de acompanhar a torra de grãos e levar seu pacote para casa. Vai ter, ainda, à disposição, acessórios de preparo da bebida. Na hora de pedir a xícara, além dos já tradicionais expresso e café no coador de pano, feitos com uma mistura de grãos exclusiva fornecida pela 3Corações, o visitante encontra métodos de preparo antes inexistentes ali, como filtro no estilo Hario e cold brew (infusão a frio), além de pelo menos mais uma opção de grão sazonal.
Tudo isso, que pode ser corriqueiro em cafés mais modernos ou até em grandes cadeias, são grandes inovações em se tratando de Fran’s Café, que pouco modernizou sua oferta cafeeira nos últimos anos. O menu de comidinhas, ainda terceirizado, ganha opções como a pinsa romana, espécie de pizzeta, e uma nova receita de brownie, com castanha-de-caju.
A grande surpresa ainda deve demorar uns três meses para ser aberta. É o tal do “roofcoffee”. Antes subutilizado, esse terraço aberto no topo do imóvel ganhará destaque com um serviço inédito de coquetelaria, com ou sem café, e também poderá funcionar como espaço de eventos. A área, a princípio, não será 24 horas, como a loja, que volta a operar nonstop. “Vamos manter algumas tradições e, ao mesmo tempo, trazer coisas novas nessa unidade”, diz o diretor de marketing Francisco Conte, hoje à frente da operação com o pai, Francisco Antônio Conte, o Fran, que fundou a marca em Bauru, em 1972.
“Essa loja é o modelo que vai despertar a curiosidade dos franqueados, e o espírito empreendedor deles para poder melhorar as lojas”, acredita o patriarca. “A marca tem essa conexão com São Paulo, e como a gente expandiu muito para fora nos últimos anos, por Brasília, Norte, Nordeste, e na cidade ficamos mais em prédios comerciais, tínhamos de falar ‘São Paulo, estamos aqui!’”, complementa o filho.
O processo de expansão paulistana, forte na primeira década dos anos 2000, no auge da badalação da rede, foi tema de capa da Vejinha em 2001. Em 2011, a Fran’s Café chegava a quase sessenta endereços por aqui, como registrava o guia VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER daquele ano — hoje são dezoito cafeterias na cidade, que contabilizam juntas, em média, mais de 135 000 cafés por mês.
A crise sanitária também ajudou a desinflar o número de casas. “Fechamos quarenta lojas desde o início da pandemia, grande parte em São Paulo”, lamenta Francisco Conte, o filho. Apesar da queda, há vinte pontos engatilhados para os próximos meses, quase todos fora da capital, e os sócios dizem não temer outras redes — o gigante Starbucks, nascido um ano antes e presente no país desde 2006, que anunciou a expansão para o Nordeste, é o maior concorrente. “A diferença da Starbucks para o Fran’s Café é só uma: o Fran’s nasceu em Bauru e a outra, em Seattle”, brinca o fundador.
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Publicado em VEJA São Paulo de 11 de janeiro de 2023, edição nº 2823