Caracol reabre em imóvel de dois pisos com investimento em sistema de som
Depois de deixar a Rua Jaguaribe, o bar de agito muda a sede para a Barra Funda com área mais tranquila e clubinho noturno com pista
O público que curte tomar um coquetel bem-feito ao mesmo tempo que não descuida da trilha sonora tem de volta, a partir desta sexta (15), o Caracol. Após quase nove meses sem sede oficial, o bar nascido em 2018 se fixa num pedaço pouco badalado da Barra Funda, o número 160 da Rua Boracéa, perto do restaurante coreano Komah e do premiado bar de chope Trilha Fermentaria.
Diferentemente do galpão com móveis escuros da Vila Buarque, o novato exibe uma fachada branca forrada de folhas de jasmim-dos-açores, dois pisos, ambientes bem demarcados e abertura para a rua. E o imóvel tem 350 metros quadrados, 110 a mais que o anterior.
Curiosamente, este é o terceiro endereço que o bar ocupa só em 2023. Da inauguração a março deste ano, atendeu na Vila Buarque, até que a dupla de fundadores teve de entregar o imóvel a contragosto, não sem antes fazer uma festança de despedida (“pare cia final de novela”, lembra o sócio e DJ Millos Kaiser). Em 30 de maio, ressurgiu provisoriamente no Conjunto Nacional, dentro da mostra CASACOR, e acabou esticando essa estadia até 3 de dezembro (deveriam ter ficado até 6 de agosto). Finalmente, se instala de vez no novo bairro.
Como é o novo Caracol
O número de experiências em um só estabelecimento cresceu. Agora é possível fazer uma refeição, digamos, mais intimista no salão do térreo, com jeito de bar-restaurante escurinho, para até cinquenta convivas (essa função era atrapalhada pela atmosfera festiva).
O cardápio foi aprimorado com a chegada do chef Thiago Codognotto, que inclui opções como o sanduíche cavaquinha roll e o bolovo de alheira. Da carta de drinques, restou apenas o queridinho dercy, de cachaça, aperitivo de ervas, limão e mel. Os outros coquetéis são lançamentos, sob a batuta da bartender Nicole Oliveira com o consultor Gunter Sarfert, e a intenção é que possam ser servidos também na rua.
Grande vocação, a música permanece em evidência. Os DJs, convidados por Millos, não ficarão mais na bancada, lado a lado com os bartenders, como na primeira encarnação. “Vimos que não era legal nem pra eles nem para a equipe”, conta o empresário-DJ. A ideia é que o responsável pelo som da noite se instale na fachada de vidro, com os olhos para a calçada, enquanto seleciona diferentes faixas em vinil, reverberadas pelo salão em caixas de som de 1977 que já figuravam na unidade anterior.
Música na Barra Funda
Outra novidade é um piso superior. Com jeito de boate, vai funcionar até mais tarde, mesmo quando o ambiente de baixo fechar, e terá entrada livre até determinado horário. Ao cair da madrugada, só será acessado com ingresso pago e por uma porta independente. O clima é de clubinho, desses que fazem falta na cidade, com DJs de diferentes gêneros dançantes, aqui sim, voltados para a pista. Terão à disposição um sound system digital potente, que, junto do isolamento sonoro, consumiu boa parte do capital dos sócios, agora junto de mais investidores.
“Construímos uma caixa dentro da caixa. Foi uma grande obra”, explica Millos, que não é fã da expressão listening bar, cada vez mais usada para se referir a locais que, como este, priorizam o conforto acústico e a programação. “Traz uma certa pompa que a gente não queria.”
Quem não estiver a fim de dançar poderá puxar uma banqueta no balcão de granito, que faziam parte da casa da Rua Jaguaribe. Também foram resgatadas da sede original as portas de banheiro, todas pichadas, transferidas exatamente como eram para os toaletes do novo fumódromo. “Saímos da adolescência”, brinca o sócio Thiago Visconti. “Demos um salto.”
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de dezembro de 2023, edição nº 2872