Empresas de bebidas produzem e doam álcool para combater o coronavírus
Multinacionais como Diageo, Pernod Ricard e Ambev distribuem o produto a hospitais
Não são apenas garrafas de aguardente que saem da sede da Companhia Müller de Bebidas, em Pirassununga, no interior. No último fim de semana, a empresa proprietária da Cachaça 51 afirma ter distribuído 3 500 litros de álcool etílico com concentração de 70% a postos de saúde, asilos e hospitais do município, entre eles a Santa Casa de Misericórdia. O produto é utilizado na esterilização de equipamentos e materiais usados nos procedimentos — o Emílio Ribas, que atende mais de 2 000 pacientes por mês com doenças infectocontagiosas na capital, consome em média 72 litros por semana.
“Estamos trabalhando para ampliar a doação”, promete Rodrigo Maia, diretor comercial e de marketing da fábrica, que faz 120 milhões de litros de cachaça por mês. Em escala muito maior, multinacionais do setor de destilados vêm promovendo ações que vão no mesmo sentido. A Diageo, que controla marcas como os uísques Johnnie Walker e o gim Tanqueray, já começou a doar 50 000 litros de álcool etílico em embalagens de 480 mililitros a unidades de saúde da rede pública do Ceará.
Esse álcool etílico vem da linha de produção da pinga Ypióca, em Fortaleza, adquirida pela companhia em 2012 por quase 1 bilhão de reais. A projeção é que sejam oferecidos no mundo todo 2 milhões de litros do desinfetante para o combate contra a pandemia do novo coronavírus.
Outro gigante, a Pernod Ricard se dispõe a entregar 36 000 litros a hospitais da região de Resende (RJ), onde se concentra a fabricação de bebidas como o rum Montilla — a francesa é responsável ainda por grifes como a vodca Absolut e o uísque Chivas Regal.
O mundo cervejeiro também entrou na corrente. A Ambev anunciou que vai utilizar o etanol extraído da cerveja Brahma 0,0% para produzir álcool em gel e repassar meio milhão de frascos de 190 gramas às secretarias de Saúde de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que distribuirão entre as unidades dos municípios.
Com a escassez do produto no mercado, a empresa virou alvo de fake news: na semana passada, informou-se enganosamente pela internet que o item seria fornecido ao público em geral. “Ao clicar em um link desta mensagem, seus dados poderão ser roubados por pessoas mal-intencionadas”, respondeu a Ambev. Na mesma toada da indústria de bebida, há outras iniciativas vindas de universidades, usinas de cana-de-açúcar e do setor de cosméticos e perfumaria. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) flexibilizou as normas para facilitar a produção, distribuição e doação de álcool.
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