Minibiografia de edifícios: Metropolitano e Galeria Metrópole
A praça Dom José Gaspar, no centro da cidade, é uma das mais bem arborizadas da região. Fica bem atrás da biblioteca Mario de Andrade, na esquina das avenidas São Luís e Consolação. Não bastassem as próprias árvores, a praça conta ainda um pequeno quintal-jardim ao fundo, a charmosíssima Galeria Metrópole. O Edifício Metrópole e Centro […]
A praça Dom José Gaspar, no centro da cidade, é uma das mais bem arborizadas da região. Fica bem atrás da biblioteca Mario de Andrade, na esquina das avenidas São Luís e Consolação. Não bastassem as próprias árvores, a praça conta ainda um pequeno quintal-jardim ao fundo, a charmosíssima Galeria Metrópole.
O Edifício Metrópole e Centro Metropolitano de Compras (nome de batismo do complexo) foi erguido em 1960, numa época em que as galerias ainda faziam grande sentido na cidade. As pessoas circulavam muito mais a pé e era dessa forma que resolviam o que tinham para resolver. A era dos shoppings veio em seguida, a partir da inauguração do Iguatemi, em 1966. Outra tendência daquela época eram os conjuntos multiusos, que reuniam torres comerciais com espaço térreo para cinemas, restaurantes, lojas e uma infinidade de serviços. O Conjunto Nacional, um dos maiores expoentes dessa fórmula (e ainda em grande forma), é de 1956. O interessante desses edifícios é que você entra neles sem nem perceber. Estão no mesmo nível da rua e, se você seguir caminhando, logo estará naturalmente percorrendo seus corredores.
Os arquitetos por trás das linhas deste complexo são Gian Carlo Gasperini (1926) e Salvador Candia (1924 – 1991). Ambos empataram em primeiro lugar no concurso promovido para eleger a melhor proposta para o edifício. Gasperini e Candia à época trabalhavam sozinhos e decidiram somar forças para criar uma ideia conjunta para aquele espaço. Como relembra Gasperini: “Um dia, encontrei um engenheiro com quem tinha feito algumas obras e ele me disse que comprara um terreno na esquina da avenida São Luís com a praça da biblioteca, onde ele pretendia fazer o melhor prédio de São Paulo. Abriu concurso, me candidatei e, no final, sobraram o Salvador Candia e eu. Então vieram me dizer que o júri estava confuso, uns gostavam mais do projeto de Candia e outros do meu. Eu disse que podíamos fazer o projeto juntos, e assim foi resolvido. Na verdade, nossas propostas tinham o conceito básico muito parecido. Assim, fizemos a Galeria Metrópole juntos. Esse concurso deu grande impulso a minha carreira e permitiu a consolidação do escritório” (via arcoweb).
Gasperini viria a originar o Aflalo e Gasperini, um dos maiores escritórios de arquitetura da atualidade, cuja trajetória virou livro premiado no ano passado. Salvador Candia uniu-se a outros artistas e intelectuais para fundar o MAM (Museu de Arte Moderna) em 1948, participando das bienais organizadas pelo museu. Trabalhou ainda com figurões como Rino Levi, Oswaldo Bratke e Vilanova Artigas.
Por vários anos, a Galeria Metrópole teve uma das salas de cinema mais concorridas da cidade, com ótima programação. Hoje abriga principalmente restaurantes, agências de turismo, salões de beleza, lojas e até um escritório de arquitetura, o Hereñú + Ferroni Arquitetos, sobre o qual falaremos em breve. No ano passado, a galeria revelou sua faceta pop ao abrigar a Gambiarra, tradicional festa itinerante paulistana.