A história da Brinquedos Estrela
A mais tradicional fábrica de brinquedos do Brasil continua marcando gerações com seus produtos, o que acontece há mais de oitenta anos
Não importa a idade, você provavelmente já teve um brinquedo da Estrela. Construindo a alegria e os sonhos das crianças há mais de oitenta anos, a gigante começou bem pequena, na década de 30. A Estrela foi fundada em 1937, depois que o alemão Siegfried Adler comprou uma pequena fábrica de bonecas de pano que estava falida. Ele viu ali uma oportunidade de negócios e rapidamente lançou a primeira boneca da empresa, com corpo de pano e rosto de massa, e 38 centímetros de altura. Foi um grande sucesso.
Logo a empresa diversificou o portfólio com novos brinquedos, mas a grande sacada foi conseguir licenciar o jogo de tabuleiro mais famoso do mundo, o Monopoly, e lançá-lo aqui com o nome de Banco Imobiliário. Foi um sucesso, e o nome Brinquedos Estrela ficou rapidamente conhecido pelo país. No início dos anos 50, a linha de bonecas da empresa, de tecido e massa, passou a ser de plástico. A primeira boneca desse novo material se chamava Pupi. Com 35 centímetros de altura, era totalmente articulada e fechava os olhos, uma grande inovação para a época. Em seguida vieram os bichinhos de vinil, indicados para crianças menores.
Em 1958, Siegfired Adler faleceu e sua esposa passou a cuidar da empresa. Ela foi a responsável por lançar, na década seguinte, os primeiros brinquedos elétricos, entre eles o famoso Auto-Rama (sim, se escrevia assim naquele tempo), nome que se tornou sinônimo de brinquedos de corrida de carrinhos. Também é dessa época o lançamento da Susi, inspirada na Barbie americana. Dizem que a Estrela tentou licenciar a Barbie, mas não conseguiu, então criou sua própria “fashion-doll”, bonecas que andam na moda, se vestem como adultas e têm acessórios de vestuário. A Susi também foi um estrondoso êxito, e foi fabricada ininterruptamente até 1985.
Mario Adler, o filho de Siegfried, assumiu a presidência da Estrela em 1964, quando tinha 19 anos de idade. Ele trouxe ideias novas à companhia, principalmente com relação à modernização e ao marketing, o que ajudou anda mais a empresa a se consolidar no mercado brasileiro. A Estrela já foi o maior anunciante do país, tanto em mídia impressa quanto em propaganda para a televisão.
A linha de produtos não parava de crescer. Nos anos 70, introduziu o conceito de figuras de ação entre as crianças brasileiras, lançando o Falcon, da linha G.I. Joe americana. Os bonecos tinham diversos acessórios para viver grandes aventuras. Trata-se de um dos brinquedos mais lembrados da história da Estrela, tanto que foi relançado no ano passado, em comemoração aos 80 anos da companhia.
Carrinhos rádio controlados, bonecas interativas, jogos eletrônicos como o Genius… A diversificação dos produtos crescia sempre. Mesmo com toda essa força, a Estrela teve maus momentos na década de 90, quando brinquedos importados começaram a ser uma opção de compra mais barata para a população. Fábricas menores concorrentes não aguentaram a crise e fecharam, mas a Estrela, apesar de sofrer muito, continuou de pé, apostando em uma modernização ainda maior e no relançamento de clássicos.
Hoje, a marca continua sendo o nome mais lembrado quando pensamos em brinquedos, principalmente em relação a nós, saudosistas que assistiram aos grandes momentos da história da fábrica e mantêm a infância viva na memória.