Luizinho, o guarda de trânsito que se tornou ídolo na cidade
Relembre quem era o policial com jeito irreverente que marcou uma geração
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A lendária esquina da Rua Xavier de Toledo com a Praça Ramos de Azevedo traz alguns dos ícones mais conhecidos da capital paulista. De um lado, o Teatro Municipal, símbolo da cultura e cartão-postal da cidade. Do outro lado da rua, o conhecidíssimo prédio do antigo Mappin – não importa qual estabelecimento se fixe ali, aquele será sempre o prédio do Mappin. Na outra esquina, o prédio da Light, hoje Shopping Light, um centro de compras bem no coração da cidade que respeita a arquitetura original da construção. Mas aquele trecho da cidade nos remete a outro grande ícone que se estabeleceu ali na década de 70. O policial militar Luiz Gonzaga Leite, conhecido por todos como Guarda Luizinho, que trabalhava na faixa de pedestres da Rua Xavier de Toledo, entre o Mappin e a Light.
![apito](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/apito.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Luizinho era uma espécie de herói local. Seu trabalho era marcado por performances que as pessoas paravam pra ficar assistindo. Se um motorista parasse sobre a faixa de pedestres, ele não pensava duas vezes: obrigava o motorista a abrir as portas e fazia os pedestres atravessarem por dentro do veículo. Com gestos dignos de uma apresentação de dança, ele controlava o trânsito no local e orientava pedestres a atravessar corretamente. Não raro, pegava as pessoas pela mão para que atravessassem em segurança, ou ficava de joelhos no meio da rua, impedindo que elas atravessassem em hora errada.
![faixa](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/faixa.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Ele nunca aplicou uma multa. Acreditava que a orientação sempre era melhor do que a punição. E, como todo policial, andava armado, mas seu revólver não tinha munição. Todos que passavam por ali, e até os comerciantes locais, ficavam horas assistindo ao “show” que o Luizinho proporcionava todos os dias. Quando o comando da Polícia Militar fez um rodízio de contingente e mandou o querido policial pra outro lugar, um abaixo-assinado de mais de 65 000 assinaturas foi feito para que ele voltasse à Xavier de Toledo. Quando ele finalmente voltou, alguns meses depois, foi recebido com festa.
![cao](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/cao.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Pessoa simples, o Guarda Luizinho adorava seu trabalho, e se orgulha de dizer jamais houve um atropelamento no local onde trabalhava enquanto ele estava por lá. Hoje, aposentado e com quase 80 anos de idade, ele ainda é reconhecido por algumas pessoas que tiveram o privilégio de vê-lo trabalhando. Entre 1971 e 1982, a rua Xavier de Toledo foi um dos pontos mais seguros da cidade para os pedestres. E um dos mais divertidos também.
![hoje](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2018/06/hoje.jpg?quality=70&strip=info&w=650)