Quando, há cerca de sete anos, me tornei pai, realizei um antigo sonho: retribuir todo o amor e dedicação que recebi dos meus genitores transmitindo-os à minha filha. O universo do vinho é terreno fértil para essa mesma transferência de sentimento paterno, valores e herança.

É comum haver vinícolas que pertencem à mesma família há mais de dez gerações. Ou mesmo 26, como é o caso da Antinori, uma das mais importantes da Toscana, na Itália. Na produção de um grande rótulo, o tempo também tem um papel fundamental. Pode levar décadas para se conhecer bem um terroir (o conjunto de fatores que influenciam na qualidade da bebida, como solo, clima e castas). Os incontáveis detalhes na elaboração e suas infinitas interações só podem ser testados uma vez por ano, a cada nova safra. Como me disse certa vez a baronesa Philippine de Rothschild, saudosa proprietária do Château Mouton: “Fazer vinho é fácil, o difícil são só os primeiros 400 anos”.

Entre os colecionadores de garrafas especiais, uma mais longeva pode ser passada de pai para filho. Existe uma antiga tradição em Portugal na qual o pai compra um Porto vintage da safra de seu novo rebento para que este receba a garrafa ao completar 18 anos. Esse vinho, temos de lembrar, é um dos mais longevos do planeta, alcança décadas e, às vezes, séculos em bom estado.

Se pais reservam vinhos para os filhos, com que rótulo presenteá-los? Sugiro opções mais sérias e clássicas, com potencial de guarda, como barolo, brunello, amarone, rioja gran reserva, bordeaux. Se seu pai tem gosto por opções mais elegantes, quem sabe um borgonha ou um pinot noir do novo mundo. Se preferir os mais potentes, um malbec é uma sugestão garantida.

Marques de Casa Concha Malbec. Elaborado com uvas do Vale do Maule, no Chile. De coloração rubiviolácea- escura. Aroma intenso, frutado, com notas de ameixas maduras, ervas, mineral. Paladar encorpado com taninos e acidez presentes. Um malbec chileno de clima mais fresco e de solo granítico. Mais elegante que os argentinos em geral. R$ 164,59, na Wine.

Elvio Cogno Cascina Nuova Barolo DOCG. Um barolo em estilo clássico, para guarda, 100% nebbiolo, com 24 meses em barricas de carvalho, 14,5% de álcool, ainda jovem e fresco, mas já bastante aberto no nariz, com notas de cereja, violeta, bosque úmido, couro e taninos e acidez ainda presente. R$ 741,90, na Evino.

Cune Gran Reserva Rioja DOCa. Da tradicional bodega Compañía Vinícola del Norte de España, da Rioja Alta. Corte de 85% tempranillo, 10% graciano e 5% mazuelo. Amadurece 24 meses em barricas de carvalho francês e americano e envelhece 36 meses em garrafa. Tem estilo clássico riojano, de cor entre clara e escura, aromas da madeira na frente, com couro e terra molhada. Paladar de bom corpo, com a elegância dos gran reserva. R$ 499,90, na Evino.

Château Haut-Vigneau Pessac-Léognan AOC. Da sub-região de Pessac-Léognan. Elaborado com merlot e cabernet sauvignon, com doze meses em barricas de carvalho, 13,5% de álcool. Aroma de frutas negras maduras, ameixas, especiarias, anis, notas terrosas. Paladar de médio-bom corpo, textura macia, taninos finos, acidez equilibrada. Um bordeaux clássico. R$ 479,90, na Evino.

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