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Por Por Marcelo Copello
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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O que vinho e cinema têm em comum

Inúmeros astros de Hollywood enveredaram pelo mundo da bebida e diferentes obras tratam do assunto

Por Marcelo Copello
15 set 2023, 06h00

O cinema e a enologia têm muito mais em comum do que podemos imaginar e podem ser uma ótima combinação. Já faz mais de vinte anos da primeira vez que publiquei sobre “vinho & cinema”.

Desde então, este foi um dos principais temas das centenas de palestras que fiz pelo mundo. Diversos aspectos conectam essas duas artes.

Primeiramente, o fato de inúmeros astros de Hollywood terem enveredado pelo mundo do vinho, de Francis Ford Coppola a Brad Pitt, passando por Gérard Depardieu e Drew Barrymore. A lista é extensa.

Depois, desde Sideways, entre Umas e Outras (2004), o vinho virou tema de incontáveis filmes, como Um Bom Ano (2006) e o mais recente Notas de Rebeldia (2020), só para citar alguns.

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Tal aproximação nos faz indagar: existe alguma analogia entre a bebida e a sétima arte? O cinema surgiu no final do século XIX como o “olho mecânico”, onde o uso da energia elétrica e de um processo químico (de imprimir uma imagem em uma película) tinham papel central.

Essa moderna máquina era capaz de capturar pedaços da realidade, a vida como ela é, uma arte objetiva e neutra, na qual o homem, segundo um determinismo rigoroso, não interfere.

O vinho em seus primórdios também era relacionado ao “real”, a verdade em sua essência, visão bem expressa na frase de Plínio: “in vino veritas”. Para os antigos gregos o néctar dionisíaco ao mesmo tempo que embriaga traz lucidez.

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Hoje, os papéis desempenhados por cinema e vinho mudaram radicalmente. O cinema deixou de ser a arte do real para, no nosso mundo contemporâneo, tornar-se a mais lúdica das artes.

No momento em que as luzes se apagam, o espectador entra em um sonho. O acender delas é quase como um despertar deste mundo onírico. O vinho, por sua vez, nas últimas décadas deixou de ser a bebida alimentar popular para associar-se ao prazer hedonista (e também lúdico) da viagem dos sentidos.

Os elementos do cinema também têm seu espelho no vinho. Atores são como uvas, alguns chegam a ser divas. A pinot noir, por exemplo, é a primeira casta tinta a ser lembrada quando se pensa em elegância.

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Quando nas minhas palestras indago o público que ator ou atriz seria um pinot noir, são sempre lembrados nomes como Audrey Hepburn, Fred Astaire e Sean Connery. Quando pensamos em força bruta, no mundo do vinho o estereótipo recai sobre a tannat, cepa que proporciona muitos taninos e às vezes (nem sempre) vinhos brutos.

A comparação perfeita recai sobre atores musculosos de filmes de luta ou ação, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Quando indago a plateia sobre os vinhos clássicos de Bordeaux, sua pompa e realeza, a reposta vem na forma de atores shakespearianos, como Laurence Olivier, ou papéis fortes, como Marlon Brando ou Al Pacino em O Poderoso Chefão.

Quando na taça, apresento vinhos tintos calorosos, como um granache ou syrah do sul da França, com seus taninos sedosos, aromas de especiarias e teor alcoólico alto, o paralelo recai a astros ou atrizes mais sedutores, como George Clooney, Antonio Banderas, Margot Robbie, Scarlett Johansson ou Jennifer Lawrence.

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Analogias como estas são leituras pessoais dos códigos de linguagem do vinho e do cinema. Você não precisa militar por minhas escolhas, mas sim criar as suas. Boa degustação e bom filme!

CALYPTRA GRAN RESERVA PINOT NOIR 2019 Da vinícola Calyptra, do vale de Cachapoal, no Chile. Elaborado com 100% pinot noir, com estágio de dezoito meses em barricas de carvalho francês. Rubi quase escuro. Aroma com framboesa, madeira nova, notas terrosas. Paladar seco, de boa estrutura de taninos, boa acidez. Um pinot de elegância e firmeza ao mesmo tempo. R$ 341,06, na Wine.

ALTO DE LA BALLENA RESERVA TANNAT – VIOGNIER 2016 Da vinícola Alto de la Ballena, da região de Maldonado, no Uruguai. Elaborado com 85% da tinta tannat e 15% da branca viognier, vinificadas em conjunto, com nove meses em barricas de carvalho americano. Rubi escuro. Aroma intenso, com frutras negras, tostados da barrica, notas florais e de ervas. Paladar encorpado e macio, com taninos domados e boa acidez. R$ 289,90, na Evino.

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S DE SIRAN 2017 Segundo vinho do Château Siran, elaborado com 72% merlot, 20% cabernet sauvignon, 4% petit verdot e 4% cabernet franc, amadurece doze meses em barricas de carvalho francês. Aroma frutado, com amora, ameixa, chocolate, baunilha. Paladar de médio corpo, com 13% de álcool, macio, com taninos doces, pronto para beber. R$ 339,90, na Evino.

LES SILEX DE CABRIÈRES CHÂTEAUNEUF-DU-PAPE AOP 2019 Do produtor Château Cabrières, do Rhône- -França, elaborado com 80% grenache e 20% syrah, sem passagem por madeira. Rubi escuro. Aroma rico, com muitas especiarias, geleia de cereja, defumados, pimenta, violeta. Paladar de bom corpo, taninos macios, acidez correta, sensação de doçura vinda dos seus 15,5% de álcool. R$ 259,90, na Evino.

Publicado em VEJA São Paulo de 15 de setembro de 2023, edição nº 2859.

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