‘Tetris’: drama político narra origem de jogo clássico
Taron Egerton (de Rocketman) interpreta Henk Rogers, homem que descobre o Tetris em 1988 e arriscou tudo para o lançamento mundial
✪✪✪ Cinebiografias, quando apoiadas em temas marcantes, sempre são bem-vindas e ajudam a promover títulos fora do padrão. E as histórias não precisam ser sobre uma pessoa em especial: é possível abordar empresas, grandes acontecimentos e até mesmo… jogos.
Essa última opção compõe o filme Tetris, disponível no AppleTV+. Taron Egerton (de Rocketman) interpreta Henk Rogers, homem que descobre o Tetris em 1988 e arrisca tudo quando decide viajar para a União Soviética, em plena Guerra Fria. O criador do jogo, Alexey Pajitnov (Nikita Efremov), mora na Rússia e não tem o domínio da própria invenção, pois o governo local tomou posse.
Ele é extremamente inteligente, mas está de mãos atadas em seu país de origem. Com isso, inicia-se um verdadeiro jogo de gato e rato entre os Estados Unidos e a antiga URSS. A montagem, ágil, combina com o dinâmico roteiro, que abrange infinitas negociações em dois continentes separados por questões políticas.
Egerton dá tudo de si em um papel mais contido e dramático, enquanto personagens secundários como Robert Stein (Toby Jones), Robert Maxwell (Roger Allam) e outros completam esse cenário inconstante de intrigas e ameaças perigosas.
Por outro lado, Tetris também se destaca por ser um tanto maniqueísta. O lado “bom” é o do capitalismo, enquanto o “mal” é representado pelo comunismo instaurado na URSS. Em alguns momentos, chega a ser exaustivo acompanhar a saga de Rogers devido a essa visão repetitiva, mas o último ato é capaz de recuperar o fôlego. Com mais foco no jogo e menos na KGB, a produção diz mais a que veio e apresenta um desfecho interessante, que talvez não seja conhecido pelo grande público.
Publicado em VEJA São Paulo de 19 de abril de 2023, edição nº 2837
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