‘Paloma’: belo filme sobre mulher trans é inspirado em história real
Após passar pela Mostra SP e Festival do Rio, produção estreia em 10 de novembro nos cinemas
✪✪✪✪ Paloma é mais um exemplar que destaca a sensibilidade do cinema brasileiro. Com sessões na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o longa de Marcelo Gomes é excelente na construção de uma protagonista humilde e sonhadora.
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Kika Sena, arte-educadora, diretora teatral, atriz, poeta e performer, é quem interpreta Paloma, mulher trans que trabalha como agricultora no sertão de Pernambuco.
O roteiro, escrito por Gomes, Armando Praça e Gustavo Campos, é baseado em uma história que o diretor leu num jornal. No filme, ela ganha porções de romance e drama, indo muito além do preconceito envolvendo o caso real (que envolvia uma mulher trans cujo sonho era se casar na igreja, de véu e grinalda). A personagem é humanizada de um jeito emocionante.
Gomes foca no direito do sonhar de sua protagonista. Paloma é uma mulher admirável, de sorriso fácil e anseios que seriam naturais para outras mulheres. Mas, para ela, o ‘tradicional’ logo se torna um desafio. O problema começa quando pede ao padre de sua cidade que realize seu casamento com o namorado, Zé (Ridson Reis). Ele recusa, mas a protagonista não desiste de lutar contra o conservadorismo que a cerca.
Acompanhar a jornada de Paloma ressalta o impacto que o preconceito tem na vida de uma mulher trans e de todos à sua volta. Mas há muito afeto no cinema de Gomes, e a camada de realidade – que é, sim, sofrida – não apaga o fato de que ela é uma pessoa de verdade e apenas quer seu lugar no mundo.
Publicado em VEJA São Paulo de 16 de novembro de 2022, edição nº 2815