Ninguém Pode Saber, série de suspense da Netflix, não supre expectativas
Ótima atuação de Toni Collette não é o bastante para engajar história adaptada de romance de Karin Slaughter
✪✪ Ninguém Pode Saber foi uma das séries mais assistidas na Netflix nos últimos dias. Com Toni Collette (O Beco do Pesadelo) à frente do elenco, as expectativas de que o título seria mais uma boa opção para maratonar no streaming eram altas. No entanto, pode ser uma decepção para muitos que procuram por uma história complexa e misteriosa.
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Na narrativa, dividida em oito episódios, Andy (Bella Heathcote) é uma jovem que descobre da pior forma possível que a mãe, Laura Oliver (Toni), esconde um segredo perigoso há anos. Quando um ataque inesperado faz com que Laura reaja instintivamente e chame a atenção da polícia e jornais locais, a vida da família muda completamente.
À medida que Andy começa a desvendar as ações da mãe, sua perspectiva sobre todo o relacionamento toma um novo rumo. Laura pede a Andy para fugir por um tempo a fim de protegê-la, mas isso acaba causando mais problemas do que o esperado. Atrás de respostas, a destemida jovem conhece figuras que fizeram parte do passado da mãe e, assim, passa a ser um alvo também.
O vilão não possui um rosto no início, mas os diversos flashbacks nos episódios ajudam a moldar a vida secreta de Laura, que passou por traumas na infância e adolescência. A ótima atuação de Toni, indicada ao Oscar pelo terror O Sexto Sentido, é o fio condutor de todo o enredo, mas essa não é a única qualidade necessária para fazer com que a série funcione bem.
Como dito anteriormente, há várias cenas sobre seu passado e, por consequência, muita descrição sobre tramas menores que não são realmente essenciais para o andamento da história principal. Com essa escolha da montagem, que vai e volta no tempo, Ninguém Pode Saber perde boa parte de sua força ao tentar se explicar sempre que possível.
Diálogos que dão muitas informações em vez de manter o suspense no ar, assim como situações que soam repetitivas, dificultam a imersão. Ao fim da experiência, é inevitável pensar que a obscura trajetória de Laura Oliver poderia ser contada no formato de filme, e não ser dividida em oito horas. Com limites narrativos, a trama adaptada do romance de Karin Slaughter certamente funcionaria melhor.
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Publicado em VEJA São Paulo de 30 de março de 2022, edição nº 2782