Drama maternal com subtexto político é tema de novo filme de Almodóvar
Mães Paralelas é o novo filme do cineasta espanhol de 72 anos; Penélope Cruz é uma das indicadas ao Oscar pela sua atuação como protagonista do longa
Disponível na Netflix, Mães Paralelas é o novo filme do cineasta espanhol Pedro Almodóvar (Dor e Glória) e está indicado a duas categorias no Oscar 2022: melhor atriz e melhor trilha sonora.
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Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona), estrela do longa, recebeu sua quarta indicação à premiação. Na trama, duas mulheres dividem um quarto de hospital onde vão dar à luz. Ambas são solteiras e engravidaram por acidente. Enquanto Janis (Cruz), mulher de meia-idade, está muito animada com a perspectiva de ser mãe, a adolescente Ana (Smit) sente-se assustada e arrependida.
Janis tenta encorajá-la enquanto conversam no hospital. As palavras que trocam nessas horas vão criar um vínculo estreito entre elas e mudar suas vidas de forma decisiva. Como é praxe na obra do diretor, não faltam reviravoltas na vida das personagens e segredos que vêm à tona para bagunçar a cabeça das protagonistas.
No caso desta nova obra, o jogo dramático espelha um pouco o contexto histórico espanhol, em especial o período da Guerra Civil no país, entre 1936 e 1939, citado no início e na conclusão da trama. Os pontos de conexão entre a história principal e seu subtexto político ficam a cargo do espectador.
Uma dica é a fala de Janis para Ana, incentivando-a a pesquisar mais sobre a Espanha de meados do século XX. Afinal, seja um indivíduo, seja uma nação, para seguir em frente com dignidade é preciso conhecer e acertar as contas com o passado. Não à toa, o vermelho e o amarelo da bandeira espanhola são as cores que mais aparecem nos cenários e figurinos que compõem as imagens.
A pátria de Almodóvar é também uma das mães retratadas no roteiro. Por sinal, o tema da maternidade é constante na filmografia do autor, que tem entre seus trabalhos mais celebrados Tudo sobre Minha Mãe, vencedor do Oscar de melhor filme internacional em 2002.
E, para quem quiser mergulhar ainda mais fundo em seu universo singular, uma ótima notícia: aproveitando a estreia de Mães Paralelas, a Netflix colocou diversos filmes do cineasta em seu catálogo. Entre eles, estão Má Educação (2004), Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988), A Lei do Desejo (1987) e Volver (2006) — também estrelado por Penélope Cruz.
Apenas agora, aos 72 anos, o diretor prepara seu primeiro longa-metragem falado em inglês. Ele vai comandar a atriz Cate Blanchett em A Manual for Cleaning Women.
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Publicado em VEJA São Paulo de 22 de fevereiro de 2022, edição nº 2777