‘Folhas de Outono’ aborda guerra na Ucrânia e foge do romance trivial
Novo filme do finlandês Aki Kaurismäki estreia em 30 de novembro nos cinemas
✪✪✪✪ Folhas de Outono, novo filme de Aki Kaurismäki (O Outro Lado da Esperança), é uma história perfeita para aqueles que acreditam que o amor pode nascer em qualquer situação. No caso desta trama com humor em dose mínima, mas certeira, a narrativa se desenrola em Helsinque, na Finlândia.
+ 14º Festival Varilux tem minissérie sobre Brigitte Bardot e 19 longas
Durante a estação do ano que ganha o título do filme, uma mulher e um homem se conhecem por acaso em um karaokê. A partir daí, eles tentam se encontrar mais vezes, mas alguns pequenos desafios aparecem pelo caminho. O homem perde o papel que continha o contato da moça, o que atrasa o desenvolvimento de um possível romance.
Enquanto isso, Kaurismaki filma o trivial e constrói um entorno melancólico, marcado pela guerra da Ucrânia. De lugares diferentes, os personagens ouvem no rádio as notícias de bombardeios e mortes enquanto tentam seguir com suas vidas. Não fosse por esse pano de fundo atual e realista, Folhas de Outono seria um típico romance que desafia seus personagens principais, enquanto os secundários ficam responsáveis por piadas que tiram a nuvem de incertezas – mesmo que por alguns segundos.
Mas a tristeza de Ansa (Alma Pöysti) e Holappa (Jussi Vatanen) toma conta dos ambientes: ele luta contra o alcoolismo e ela luta contra a solidão. Juntos, essa vida de batalhas pode ser mais leve – especialmente em uma época do ano em que as folhas caem para dar espaço para outras nascerem. Mas o amor, aqui representado por olhares e gestos, é a melhor válvula de escape que eles poderiam encontrar. Estreia em 30 de novembro nos cinemas.
+ Teatro Moise Safra abre as portas para o público geral na Barra Funda
O cinema de Aki Kaurismäki é distintamente humanista, permeado de empatia pelo homem comum. Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Cannes por Folhas de Outono (que chega aos cinemas este mês), ele é a principal voz do cinema finlandês. Com vibrantes paletas de cores, músicas marcantes e rigorosa mise-en-scène, seu trabalho é instantaneamente reconhecível. Em novembro, a MUBI homenageia o cineasta com uma coleção intitulada A Arte de Ser Humano, com mais de 20 obras que abrangem toda a sua carreira. Sombras no Paraíso, O Homem Sem Passado, A Garota da Fábrica de Caixas de Fósforos, Luzes Na Escuridão e Nuvens Passageiras estão na lista de lançamentos no streaming cult.
Publicado em VEJA São Paulo de 17 de novembro de 2023, edição nº 2868