‘Argentina, 1985’ e a importância de não esquecer o passado
Drama argentino com Ricardo Darín apresenta julgamento de generais e capitães da ditadura argentina
✪✪✪ Assim como a maioria dos países latino-americanos, a Argentina passou por uma ditadura militar na segunda metade do século XX. A diferença fundamental é que lá houve uma brecha para que as perseguições, assassinatos e torturas dos oficiais do exército fossem a julgamento não na corte militar, mas num tribunal civil.
+Tradicional cinema de rua, Cine Olido volta a funcionar após reforma
Esse momento histórico é retratado em Argentina, 1985, produção do Amazon Prime Video considerada desde já um dos prováveis indicados ao próximo Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional.
Com a competência habitual, Ricardo Darín (O Segredo dos Seus Olhos) vive o promotor Julio Strassera, responsável por montar o caso contra generais e capitães que haviam deixado o poder apenas dois anos antes.
O longa de Santiago Mitre reconstitui os desafios de Strassera e sua equipe, especialmente para convencer a opinião pública de que os abusos da ditadura aconteceram. Sem inovações de linguagem, a obra-prima pela importância dos fatos e pelo roteiro, que consegue desanuviar a densidade do tema com respiros de humor.
O momento mais impactante, porém, já estava pronto: é o discurso proferido pelo promotor ao final de sua acusação, considerado um dos mais contundentes manifestos na busca por justiça. Uma lembrança ainda importante de se manter à vista.
Publicado em VEJA São Paulo de 23 de novembro de 2022, edição nº 2816
+Assine a Vejinha a partir de 9,90.