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Filmes e Séries - Por Barbara Demerov

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“É uma comédia bruta”, diz Anna Muylaert sobre seu novo filme

A Vejinha acompanhou uma tarde no set do longa 'O Clube das Mulheres de Negócios', previsto para 2024; confira o papo com a diretora

Por Barbara Demerov
23 set 2022, 06h00
Imagem mostra grupo de mulheres enfileiradas em gramado, com uma represa ao fundo
Elenco de O Clube das Mulheres de Negócios. (Aline Arruda/Divulgação)
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Às margens da represa Guarapiranga, no belo Clube de Campo de são Paulo, a Vejinha acompanhou uma tarde no set do novo longa-metragem de Anna Muylaert (Que Horas Ela Volta?). O Clube das Mulheres de Negócios teve suas filmagens finalizadas em 14 de setembro e, na data em que estivemos no local (6/9), a equipe já se preparava para a reta final.

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Um set igualitário, mas com diversas mulheres na frente e atrás das câmeras — reflexo do que a cineasta representa na cena brasileira. Com estreia prevista para 2024, o filme traz um elenco de peso: Irene Ravache, Katiuscia Canoro, Cristina Pereira, Louise Cardoso, Itala Nandi, Rafa Vitti, Luis Miranda, Grace Gianoukas, Shirley Cruz, Polly Marinho, Helena Albergaria, Maria Bopp, Verônica Debom, André Abujamra e Daniel Botelho.

Imagem mostra mulher apoiada em mesa de madeira com três pessoas sentadas ao redor. À direita, parte de uma câmera profissional
Anna Muylaert com Cristina Pereira, Luis Miranda e Rafa Vitti. (Aline Arruda/Divulgação)

O olhar cirúrgico e crítico de Anna sobre o patriarcado foi o ponto de partida para o roteiro, que é totalmente autoral. Ambientado em um mundo onde os estereótipos de gênero estão invertidos — mulheres ocupam posições de poder enquanto homens são criados para ser socialmente submissos —, o drama abordará questões enraizadas na cultura do país, como machismo, racismo, classismo e corrupção.

“Fiquei impactada com a história. Li numa tacada só e terminei emocionada”, relembra Cristina, que interpreta Cesárea, personagem firme e autoritária. “É um filme que mexe com a cabeça da gente, especialmente com nós, mulheres.”

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Aos 73 anos, a atriz diz que este é um papel desafiador. “O processo de filmagem é vivo. Anna nos provoca, dá estímulo e ideias diferentes. Como atriz, foi algo totalmente novo.”

A maioria dos atores que compõem ‘O Clube das Mulheres de Negócios’ é especialista em improvisar, tendo muita experiência no teatro. É o caso de Grace Gianoukas e Irene Ravache, por exemplo. Essa última, que transita entre os palcos e as telas, também conta que, logo ao terminar o roteiro, já quis fazer parte do elenco. “É muito diferente”, instiga.

Irene afirma que ela e seus colegas tiveram total liberdade durante os ensaios. “Isso é enriquecedor para o artista. Não tem como não embarcar na ideia da Anna, porque você sabe que é boa. Ela está assinando seu próprio trabalho, dirige como se fosse ‘ao vivo’. É de uma personalidade que me surpreendeu, assim como sua afetuosidade. Tem sido uma grande experiência”, destaca.

Além da área na Guarapiranga, o filme, que se passa em São Paulo, também teve cenas rodadas na USP, no Yacht Club Santo Amaro e em algumas ruas da cidade.

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Imagem mostra mulher em pé conversando com homem, que escuta atentamente, sentado
Anna dirigindo Luis Miranda no set. (Aline Arruda/Divulgação)

Bate-papo com Muylaert

Nascida em São Paulo, Anna possui como destaque seu trabalho na direção de Que Horas Ela Volta?, vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Sundance e Prêmio do Público no Festival de Berlim, em 2015.

Mas sua filmografia, como diretora e roteirista, ainda inclui Alvorada (documentário codirigido por Lô Politi), Durval Discos, É Proibido Fumar, Mãe Só Há Uma e Chamada a Cobrar, e roteiros como Castelo Rá-Tim-Bum (filme e série), Desmundo e Quanto Dura o Amor?.

De onde veio a inspiração para o roteiro de O Clube das Mulheres de Negócios?

É uma comédia bruta, um filme de inversão nas estruturas de poder. Quando vemos certas ações feitas pelo corpo feminino, isso causa mais estranheza do que causa no corpo “normal”. Vemos no jornal todos os dias agressões contra a mulher, e meio que entra por um ouvido e sai pelo outro. A ideia é refletir ao trocar os corpos. Já tenho esse projeto desde 2015, mas ele foi evoluindo durante a pandemia, quando observei as atitudes de líderes mulheres e líderes homens. Precisava subir o tom.

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O tom da história passou a ser estritamente político?

Não só isso. Ela é bem alegórica. Antes de tudo, é um filme-show, é divertido. Traz reflexão, mas também entretém.

O filme será lançado apenas em 2024. Mas já pensa no que ele vai provocar no público?

Fazemos filmes para isso: levantar o tapete e ver o que tem embaixo dele. Tenho essa ambição, mas tudo depende da hora, da sorte, do longa. Espero que o Brasil esteja melhor até lá, porém meu otimismo não é ingênuo diante da crise atual.

Como é guiar um processo de criação mais livre?

Quando chega a hora de filmar, você quer melhorar. O roteiro é uma base, e eu não vou ficar respeitando uma ideia que tive há anos. O importante é renovar, e isso é capaz de assustar ou entusiasmar as pessoas.

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Publicado em VEJA São Paulo de 28 de setembro de 2022, edição nº 2808

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