Águas Profundas: pouco inspirado, romance erótico carece de sensualidade
Nem Ben Affleck e Ana de Armas, protagonistas do longa, fortalecem a trama do diretor Adrian Lyne
✪✪ O longa Águas Profundas entrou nesta sexta (18) no catálogo do Amazon Prime Video, com os astros Ben Affleck (Liga da Justiça) e Ana de Armas (007 — Sem Tempo Para Morrer) à frente do elenco. Dirigido por Adrian Lyne, que ao longo dos anos trabalhou em sucessos como Flashdance, Atração Fatal e Proposta Indecente, o título quebra um período de vinte anos em que ele esteve longe dos sets de cinema.
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A grande questão é que o retorno de Lyne ao gênero de romance erótico, que chamou muito a atenção do público nas décadas de 80 e 90, não possui mais a mesma força. Nem mesmo Ana e Affleck, nomes que devem atrair os espectadores ao streaming, são capazes de fortalecer uma trama inexpressiva, que não detém a atmosfera sensual que o trailer de divulgação prometia entregar.
Os atores viveram um breve namoro durante e após as filmagens, mas a química raramente é vista em cena. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito por Patricia Highsmith (autora de Carol, drama indicado ao Oscar em 2016) e acompanha Vic (Affleck) e melinda Van Allen (Ana), um casal de Nova Orleans cujo casamento está desmoronando.
O ciúme, a desconfiança e as mágoas só cresceram com o tempo, em vez de uma base fortalecida pelo amor. O relacionamento também é aberto — mas isso só acontece porque Melinda não abre mão de sua liberdade sexual. A personagem faz provocações a Vic, que responde com jogos mentais e ameaças às paqueras da esposa.
Não é preciso de muito tempo para compreender que a situação logo sairá do limite, e que esse “jogo” poderá ser mortal. Quando os casos de Melinda começam a desaparecer, o casamento é posto à prova.
No entanto, é nítida a falta de emoção até mesmo nas passagens mais obscuras — inclusive nas raras cenas a dois, algo que surpreende por ser uma obra com a assinatura de Lyne. O elenco também possui nomes como Rachel Blanchard (As Patricinhas de Beverly Hills) e Jacob Elordi (Euphoria).
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Publicado em VEJA São Paulo de 23 de março de 2022, edição nº 2781