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Filmes e Séries - Por Barbara Demerov

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“O governo Bolsonaro teve sucesso em desmontar o audiovisual” diz Fernando Meirelles

À Vejinha, produtor de 7 Prisioneiros fala sobre o lançamento da Netflix ao lado do diretor Alexandre Moratto, Rodrigo Santoro e Christian Malheiros

Por Barbara Demerov
5 nov 2021, 06h00
A imagem mostra Rodrigo Santoro e Christian Malheiro correndo em uma rua durante o filme 7 Prisioneiros
Rodrigo Santoro e Christian Malheiros: estrelam novo filme da Netflix (Aline Arruda/Netflix/Divulgação)
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7 Prisioneiros, produção original Netflix que recebeu dois prêmios em mostras paralelas no Festival de Veneza 2021, estreia na plataforma em 11 de novembro. O filme apresenta o triste contexto das relações trabalhistas análogas à escravidão no Brasil, com foco na cidade de São Paulo.

Dirigido por Alexandre Moratto, produzido por Fernando Meirelles e Ramin Bahrani e estrelado por Christian Malheiros e Rodrigo Santoro, a obra foi elogiada internacionalmente. À Vejinha, a equipe fala sobre o papel do cinema no sentido de dar visibilidade a um assunto relevante e que, infelizmente, permanece atual. Alexandre diz que a ideia sempre foi fazer o filme a partir da perspectiva dos trabalhadores, e não dos chefes ou fiscais, e Christian afirma que o cinema cumpre um dever social.

“Nós usamos o espaço para expor feridas que ainda não conseguimos sanar. Falamos sobre tráfico de pessoas, mas esse é o reflexo de um Brasil colonial. Nada é novo. Se ainda precisamos destacar isso é porque é importante trazer mais reflexão. É algo que precisa acontecer para encontrarmos uma resposta. O intuito é sempre esse: abrir caminhos diferentes por meio da arte, não importando se é uma grande comédia comercial ou uma obra como 7 Prisioneiros”, explica o intérprete de Mateus, jovem que deixa o interior em busca de uma vida melhor. No entanto, ele passa a trabalhar em um ferro-velho em condições precárias ao lado de outros colegas.

“O tema é real e indigesto, mas na verdade ele aponta para outra questão, que é talvez a nossa maior ferida. É a desigualdade social. Os personagens são produtos desse sistema excludente e isso vai além de encontrar o mocinho e o vilão. Quando o espectador é deixado com uma espécie de dilema moral no fim, acho que esse debate se levanta”, completa Rodrigo, que dá vida a Luca, o chefe dos garotos.

Sobre a estreia do longa na Netflix, Meirelles diz que as plataformas de streaming não estão apenas transformando o mercado. Para o produtor e cineasta, elas estão salvando o atual cenário. “O governo Bolsonaro teve sucesso em desmontar o audiovisual. Está tudo parado na Ancine, mas o streaming está aquecendo uma nova geração de profissionais e projetos.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de novembro de 2021, edição nº 2763

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