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“As emoções criam um vendaval em nós, que sempre parece maior do que é”

"Veja a emoção como se fosse uma intrusa até. E a comande com firmeza e carinho, sem achar que você é ela", diz o professor de meditação Satyanatha

Por Satyanatha
Atualizado em 17 Maio 2019, 06h00 - Publicado em 17 Maio 2019, 06h00
As emoções e o vendaval (Lolon/Getty Images)
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Na hora do treino, tudo é fácil. Planejamos confiantes a fala na frente do espelho, revisamos mentalmente os planos, marcamos gols imaginários e prometemos, a nós mesmos e a outros, a perfeição. Aí vêm as emoções. Muitas e somadas, múltiplas, algumas sutis, que mal percebemos, outras que batem bumbo com som de trovoada. Com elas todas juntas, vai-se lá o plano que tínhamos. No calor do momento e na intensidade do dia a dia, as emoções criam um vendaval em nós. Aprendemos a navegar como dá.

Emoções são assim. Elas nublam nosso entendimento e afastam cada ser humano da lógica límpida que criou nossa civilização, filha do Iluminismo e da ciência. A razão, límpida e cristalina, é amiga do meditador: ela confirma a intuição, que sempre é mais rápida. O monge tenta não ter emoção alguma? Não: o oposto do vendaval seria frieza e apatia. O marinheiro jamais diria que o vento bom para as velas é vento nenhum. É só através das emoções que sentimos a indignação que muda o mundo, a paixão que inspira o artista, a coragem que arde e o medo que dá cautela. Mas, assim como no mar, é necessário aprender a controlar ainda melhor o barco para navegar os sopros bruscos da emoção sem esquecer das águas límpidas da razão.

Os monges aprendem, e a meditação ensina, a arte de dissociar-se. Você sente uma tristeza, mas você não é triste. Ou, quando uma raiva vem, você a recebe com respeito — porque ela tem um motivo no seu interior, onde ela nasceu — mas então a comanda, redireciona e controla, sem reprimir. Em vez de “eu estou furioso”, dizemos “sinto uma fúria doída agora”. Diferentemente de “sou medroso”, dizemos “tenho um medo que ainda preciso vencer”. Simplesmente perceber isto — que aquilo que incomoda e o tira do caminho é uma parte menor de quem você é — já coloca tudo em proporção, e dá forças. O vendaval, por seu barulho estrondoso, sempre parece muito maior do que é. Aquilo que você precisará domar é pequeno — sempre será menor do que o seu propósito, a sua verdade, a sua amorosidade e a sua história de caminhada e vitórias.

Observe de fora. Veja a emoção como se fosse um fenômeno, uma convidada, uma intrusa até. E a comande com firmeza e carinho, sem achar que você é ela. A razão, a intuição e as emoções têm, cada uma, o seu papel. Para equilibrá-las, aqui está uma meditação fundamentada na energia de seguir a atenção: aquilo em que você mais pensa se tornará mais poderoso dentro de você.

Meditação: reverberar e silenciar

Sente-se de olhos fechados, em uma posição confortável, sempre com a coluna reta, os ombros para trás. Respire! Tome consciência da arte extraordinária de respirar. Mergulhe em si mesmo. Para cada pensamento que vier, decida: se o quiser silenciar, tire a atenção dali e vá em busca da próxima ideia. Mas, quando encontrar um pensamento positivo, sinta sua vibração, sua energia, as sensações, as cores. Deixe que ele reverbere em você, que ecoe longamente como um sino que bate muitas vezes, observando cada detalhe. Sinta a alegria, ou a confiança. Este é o segredo: permaneça segundos em pensamentos negativos, mas minutos em pensamentos elevados, que fazem bem. Quando a meditação se completar, naturalmente aquilo que é desafiador vai voltar para ser resolvido: mas você estará mais forte e mais inteiro — já aprendeu a acalmar o tufão e a serenar o mar da mente.

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Satyanatha
(Arquivo Pessoal / Reprodução/Veja SP)

Satyanatha, o Sat, aprendeu a serenar o mar da mente meditando e respirando. Autor do aplicativo Vivo Meditação e do perfil @satyanatha, hoje ensina a meditação como forma de mergulhar em si mesmo e encontrar o equilíbrio entre a razão, a intuição e as emoções.

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