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Me sinto abençoado por ser pai de duas meninas pretas

Para o engenheiro Luciano Machado, é preciso aprender a valorizar e ensinar aos filhos a história de seus ancestrais

Por Luciano Machado
11 ago 2023, 06h00

Em 1851, na Convenção dos Direitos da Mulher em Akron, Ohio, Sojourner Truth fez um discurso histórico intitulado “Não sou uma mulher?”, em que ela escancara o racismo estrutural e a forma como as mulheres brancas de sua época sempre foram tratadas com muito zelo, cuidado, proteção, ao passo que as mulheres negras foram relegadas à solidão e ao trabalho. E é exatamente deste ponto que eu parto, pois muitas das vezes é necessário darmos alguns passos para trás para que possamos construir um presente menos insalubre para quem amamos. 

Sou uma pessoa completamente realizada e feliz por ser pai de duas meninas pretas. A forma de criá-las e conduzi-las é baseada em tudo aquilo que estudamos, aprendemos e acreditamos. Lorena, a caçula, tem 7 anos, já Maria Luísa tem 10. Faço parte de uma família preta extremamente unida e acredito que essa seja uma das nossas maiores qualidades. Sou casado há dezessete anos com uma mulher muito inteligente e linda, Joyce Ribeiro, e estamos completando 22 anos juntos neste ano.

Olho para as minhas filhas, mesmo sendo tão jovens, e já consigo enxergar tantos talentos e virtudes. Elas têm diversos sonhos, e, como pai, quero poder ajudá-las no caminho de realização da melhor forma possível, mas também tenho o papel de orientá-las e explicar que, apesar da vida confortável que elas têm, não podemos esquecer que vivemos em um país com extrema desigualdade social. Lolô, por exemplo, gosta de cantar e desenhar, além de querer aprender a tocar piano e a falar línguas africanas, como o iorubá; já Malu fala inglês, pratica diversas modalidades esportivas e tem uma habilidade manual notória tanto para cozinhar quanto fazer arte, pois ela é uma artista nata! Adora mangás e tem um amplo conhecimento e interesse pela cultura japonesa.

Minhas filhas, além de me ensinarem o tempo todo, também me enchem de orgulho, quando dizem que querem aprender mais sobre a cultura africana e entender suas origens. Apesar de enxergar pequenos avanços, infelizmente, os livros de história ainda carregam um discurso eurocentrado e trazem pouca informação sobre o continente africano. Precisamos aprender a valorizar a história dos nossos ancestrais e ensinar os nossos filhos a história que a História não conta.

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Por mais difícil que seja viver num país estruturalmente racista, ter duas filhas pretas é um grande presente e preenche completamente meu sonho de ser pai. Assim como minha esposa, sou muito consciente da realidade que as cerca e o nosso papel é prepará-las para todos os tipos de preconceitos que existem na sociedade. As mulheres pretas estão cada vez mais confiantes e empoderadas. Precisamos aprender a enaltecê-las e tratá-las com todo o respeito e amor do mundo.

Luciano Machado (@engenheirolucianomachado) é sócio da MMF Projetos, engenheiro civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com MBA em gestão empresarial pela FGV, especialista em geotecnia pelo Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC) e filósofo pela Universidade Cruzeiro do Sul.

A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br.

Publicado em VEJA São Paulo de 11 de agosto de 2023, edição nº 2854

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