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A Tal Felicidade

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Existe felicidade na maternidade?

A mãe, autora e fundadora da revista "Mães que escrevem", Jo Melo, fala sobre as alegrias e dificuldades de criar uma criança

Por Jo Melo, em depoimento a Helena Galante
Atualizado em 6 Maio 2022, 12h23 - Publicado em 6 Maio 2022, 06h00
Mancha em tons rosa e laranja claros
Fundo (Reprodução/Reprodução)
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Maternagem e maternidade, duas palavrinhas que parecem iguais, mas têm significados bem diferentes. A maternidade é a relação social de uma mulher a partir do momento em que adota ou do momento do nascimento de uma criança. Então, para a sociedade, ela é mãe, vive a maternidade. A maternagem, por sua vez, é a comunicação, o dia a dia, o vínculo afetivo, o acolhimento, a experiência de ser mãe, perto ou longe. Resumindo: é o amor que uma mãe sente por sua cria.

+ Onde há conflito, podemos mediar

OS DESAFIOS DA MATERNIDADE

Muitas de nós, que temos filhos, aprendemos todos os dias como é ser mãe. Infelizmente, quando nasce um filho, nem sempre nasce uma mãe, tudo é moldado aos poucos, a conexão é refeita a partir do momento em que o cordão umbilical é cortado, ou até mesmo quando você assina os papéis da adoção e dá aquele primeiro abraço apertado.

Muitas mulheres lutam e sobrevivem contra clichês e são colocadas em pedestais por estar sobrecarregadas. O que mais vemos, infelizmente, ainda são perfis e pessoas que romantizam a maternidade, como se a mulher-mãe fosse uma guerreira por dar conta de tudo, mas não é bem assim.

Nem sempre é fácil e não é pela gente, porque amamos nossos pequenos, o problema está da porta pra fora; a maternidade é cansativa e, por vezes, cruel. Faltam espaço, acolhimento, rede de apoio, políticas públicas. Precisamos, nós mesmas, unir forças contra estereótipos que só reforçam essa fortaleza mascarada de cansaço, julgamentos e a busca pela perfeição.

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O MATERNAR

Maternar faz parte da maternidade, mas é diferente. Nele, temos a conexão, o amor, alegria e orgulho de ser mães de pessoinhas tão inocentes e especiais. Maternar está nos detalhes. Da porta pra dentro tem amor, admiração e felicidade nas pequenas conquistas como: a primeira palavra, o primeiro passo, o “eu te amo” tão inocente e real. Está nos abraços com bracinhos curtos ou ao assistir um vídeo, ir ao shopping, comer um lanche, no beijo de boa-noite, na cartinha, no telefonema, na videochamada.

+ A fuga

Na minha experiência, a felicidade no maternar se dá quando vou ao parque com meu filho soltar pipa, andar de bicicleta, comer pastel na feira ou quando assistimos a vídeos de memes no YouTube. Essa felicidade também transborda em mim a partir do momento em que vejo, nas ações dele, quanto é carinhoso, gentil, amante dos animais e da sua risada altíssima num momento de felicidade, ou quando me envia vídeo de gatinhos porque sabe que gosto.

O tempo pode ser o melhor amigo da mãe — depende, vai. É através dele que os vínculos se fortalecem, que os aprendizados vêm, que a culpa também chega, afinal, ser a melhor mãe do mundo numa sociedade que molda o que é ser boa, num ideal que não é humanamente possível de ser alcançado, é complicado. Mas a gente aprende, desaprende e vai, aos poucos, entendendo essa loucura que é criar uma criança, um serzinho que, desde que nasce, faz parte dessa sociedade que precisa ser aldeia.

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Claro que nem tudo é mil maravilhas, longe de mim romantizar a vivência de cada mulher-mãe; criar uma criança é difícil, não tem manual, a gente aprende junto, chora e ressignifica, todos os dias, um dia de cada vez. Ser mãe é aprender todos os dias e viver momentos de felicidade.

MÃES QUE ESCREVEM RELATOS

Pensando nessa pluralidade, perguntei a algumas mulheres: “Qual a parte mais feliz do seu maternar?”. E elas me responderam.

+ Casar comigo

A parte mais feliz do meu maternar é…

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“Quando brincamos com nossas piadas internas, sinto muita cumplicidade nesses momentos.” Emanuele Ferreira, mãe da Beatriz, 16 anos, PCD.

“O amor demonstrado nas pequenas coisas, no dia a dia intenso e sobrecarregado pra mim e pra ele! E, no meu caso, qualquer palavrinha, qualquer demonstração de independência é uma festa.” Gabriela Kermessi, mãe do Sam, 4 anos, autista.

“Pra mim, é a confiança deles, principalmente do Léo. Quando ele vem deitar comigo, sei que sempre vem um carinho e uma pergunta! A confiança em saber que eu sou abrigo e que comigo ele sempre vai vir falar de qualquer coisa sem represálias, principalmente pela sua sexualidade, me deixa feliz.” Simone Mello, mãe do Léo, 16 anos.

“Quando observamos a natureza juntos, seja na janela de casa, no caminho da escola ou rolê de sexta, pós-escola.” Dayvilla Bianquini, mãe do Donatello, 7 anos.

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“Quando eu não estava bem, meu filho de 11 anos abriu os braços me chamando pra um abraço, desabei a chorar e ele disse: ‘Pode chorar, mãe, eu tô aqui’.” Jennifer Ribeiro, mãe do Arthur.

Diante desses relatos repletos de felicidade, te pergunto: E você? O que te faz feliz no maternar?

Jo Melo posa sorrindo; ao fundo está um fundo verde repleto de natureza
Jo Melo (@a.jomelo) é mãe do Juan, redatora, fundadora da revista @maesqueescrevem e autora do livro de poesia Hipérboles — Afogo e Transbordo em Mim, em fase de lançamento (Divulgação/Divulgação)

A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br

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Publicado em VEJA São Paulo de 11 de maio de 2022, edição nº 2788

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