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A Tal Felicidade

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Atrever-se a viver a vida

Precursor de uma nova consciência, o palestrante e escritor Sergi Torres propõe reflexão sobre como viver a vida é a forma mais genuína de felicidade

Por Sergi Torres em depoimento a Helena Galante
10 set 2021, 06h00
imagem congelada de explosão de pigmentos de diferentes cores com fundo branco
 (Tcharts/Getty Images)
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Pense em algo que possa fazer você muito feliz. No que você pensou? Bem, pois isso que acaba de pensar não é o que o faz feliz, é apenas o que você pensa que o faz feliz. A felicidade e o que você pensa que é a felicidade não são a mesma coisa.

Desculpe-me iniciar de modo tão direto, mas, quanto antes nos dermos conta disso, antes perceberemos que não sabemos ser felizes. Lutamos quase toda a vida para conseguir o que pensamos que nos fará felizes, mas, na realidade, se formos honestos, lutar por isso nos faz infelizes. Que ironia, não é mesmo?

Houve um momento na minha vida em que, graças a Deus, tive de me deter. Eu não suportava a dor de viver desta maneira: perseguindo o que pensava que me faria feliz e, ao mesmo tempo, afastando-me da felicidade. Era muito esforço para viver algo que já não tinha mais sentido. Mas o que é a felicidade?

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Vamos nos aproximar um pouco mais dela, porém antes devemos nos dar conta definitivamente de que aquilo que acreditamos que é a felicidade nada mais é que um autoengano. A maioria de nós acredita que a felicidade é um sentimento e que para sentir esse sentimento feliz dependemos de alguém ou de algum acontecimento extraordinário. Mas e se a felicidade não for apenas um sentimento?

Como se explica a alguém que sentir a tristeza que sente agora também é ser feliz? Como se mostra a alguém que pensa que jamais será feliz que já é feliz? Não sei, mas, para mim, é claro que a felicidade, assim como o amor ou a paz, ainda é assunto pendente para a maioria dos seres humanos.

Quando nos dermos conta de que a vida é a felicidade, poderemos celebrar cada instante, ainda que ela esteja cheia de mistérios e desafios. Porque, não nos enganemos, acreditar que a vida é felicidade é um desafio, sobretudo enquanto pensarmos que os outros nos fazem felizes.

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A capacidade que os outros têm de nos fazer felizes é zero. Por outro lado, nossa capacidade é máxima, mas, devido à forma como pensamos, não nos damos conta disso. Não tem sentido querermos ser felizes e, ao mesmo tempo, pensarmos pensamentos que não nos fazem felizes, certo? Mas quem são os responsáveis por esses pensamentos? Nós mesmos.

Nós, seres humanos adormecidos em nossa arrogância, pensamos que a felicidade é uma questão exclusivamente humana. Mas se há algo que posso assegurar é que, quando você olha para um céu estrelado, para uma árvore na floresta ou para uma baleia jubarte, está vendo formas de felicidade, porque são todas formas de vida.

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Há alguns anos alguém me perguntou se eu me atrevia a ser feliz. Hoje entendo que o que a pessoa me perguntava era se me atrevia a viver a vida. Acontece que o medo de ser o que somos e viver a vida plenamente é a única coisa que impede que possamos olhar esse instante e descobrir a felicidade de estar escrevendo estas palavras, no meu caso, e lendo-as, no seu. Inventamos uma felicidade que implica não sentir tristeza, que se baseia no bem-estar e em um rosto sorridente.

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Permita-me terminar tal como começamos. Pense em algo que possa fazer você muito feliz. Você já pensou? Muito bem. Você se atreve a deixar de perseguir isso que pensou e a descobrir a felicidade que já está presente?

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sergi torres sentado com as mãos sobre as pernas. levantadas e cruzadas, sorrindo em foto posada de estúdio
(Divulgação/Divulgação)

Sergi Torres é palestrante, escritor e precursor de uma nova consciência. Realiza encontros na Europa, nas Américas Latina e Central e nos Estados Unidos, e um ciclo mensal no Teatro Goya, em Barcelona, cidade onde nasceu e vive. Acaba de lançar, pela Bambual Editora, a primeira obra em português, Me Acompanha? — Um Convite ao Despertar. Estará no Brasil pela segunda vez, em São Paulo, de 16 a 19 de setembro.

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Publicado em VEJA São Paulo de 15 de setembro de 2021, edição nº 2755

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