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Uma curadoria de exposições, cursos e novidades dos museus, galerias e institutos culturais de São Paulo. Por Mattheus Goto
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Exposição traz trinta poemas inéditos e 191 obras de Marc Chagall a SP

A itinerância paulistana de 'Marc Chagall: Sonho de Amor' conta com escritos do pintor franco-russo nunca antes traduzidos para o português

Por Júlia Rodrigues
Atualizado em 10 fev 2023, 10h47 - Publicado em 10 fev 2023, 06h00

“Na vida, como na paleta do artista, há apenas uma cor que dá sentido à vida e à arte: é a cor do amor”. A fala retirada de Minha Vida (1931), autobiografia de Marc Chagall (1887-1985), sintetiza o trabalho do artista franco-russo: era com amor que ele criava suas pinturas e gravuras coloridas, repletas de seres mágicos e poesia. A partir desta semana, 191 delas poderão ser vistas em Marc Chagall: Sonho de Amor, exposição que chega ao Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo após itinerâncias nas sedes do Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.

Além do amor, o fio condutor da mostra são seus poemas, que revelam sua forma fantástica de ver o mundo e permeiam os significados dos quatro módulos da exposição. No primeiro, Origens e tradições russas, estão quadros que homenageiam sua cidade natal, Vitebsky, aldeia no antigo Império Russo, hoje Bielorrússia. Apesar de ter vivido a maior parte de seus quase 100 anos fora de lá, as lembranças da infância, das orações, do trabalho manual e dos animais do campo continuaram a figurar suas composições até a morte. A segunda seção, Mundo sagrado, reúne trabalhos relacionados ao mundo espiritual e à Bíblia, uma das maiores fontes de inspiração para Chagall, dada sua origem judaica.

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Um homem e uma mulher olham para uma foto em preto e branco de Marc Chagall pintando. Eles estão de costas
Público visita mostra em Belo Horizonte: pinturas e poemas (Pollyana Alcântara/Agência Galo/Divulgação)

Um poeta com asas de pintor faz referência à denominação que o intelectual americano Henry Miller deu ao artista. Traz pinturas e gravuras do período em que retornou para a França de seu exílio nos Estados Unidos, em 1948, para onde seguiu fugido da II Guerra. Aqui, as cores invadem cenas de artistas circenses e da vida em Paris. O último segmento é O Amor que desafia a força da gravidade. Ele celebra a força do sentimento a partir de pinturas vivas de flores e de casais enamorados que flutuam juntos no ar, figura presente em Os noivos com trenó e galo vermelho (1957) e em tantos outros quadros do artista. Nesses trabalhos, uma das grandes inspirações para Chagall é sua esposa, Bella Rosenfeld, que faleceu prematuramente em 1944.

Os poemas de Marc Chagall não só direcionam a escolha curatorial como são apresentados diretamente ao público. Quando estreou no Rio em março do ano passado, o acervo possuía apenas a tradução de Seul est mien (em português Só É Meu). A mostra em São Paulo, no entanto, exibe trinta novos poemas, retirados do livro Poèmes (1968) e traduzidos pelo pesquisador Saulo Di Tarso. Alguns deles aparecem transcritos nas paredes e o primeiro a integrar a exposição, Seul est mien, inspira um vídeo animado inédito, exibido no subsolo do prédio. “Buscamos dar voz aos pensamentos e sentimentos de Chagall”, diz Cynthia Taboada, dona da Cy Museum, empresa responsável por trazer a mostra ao Brasil. Ela visitou a exposição, cuja curadoria é da crítica de arte espanhola Lola Durán Úcar, em Nápoles, na Itália, em 2019. O conjunto inicial de 179 pinturas e gravuras aumentou com a concessão de doze trabalhos presentes em instituições brasileiras, como o Masp, a Casa Museu Ema Klabin e o Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP).

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quadro de chagall
‘Buquê de flores sobre fundo vermelho’ (1970): mais de 190 obras de Chagall (© CHAGALL, MARC/AUTVIS, BRASIL, 2022/Divulgação)

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Vêm do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) cinco obras nunca antes expostas em uma mostra, trazidas especificamente para a itinerância paulistana. Trata-se de um conjunto de águas-fortes — técnica de gravura em que desenhos são talhados em superfície de metal — que ilustram o livro Maternité (1926), do autor surrealista Marcel Arland. Elas são uma relíquia da coleção do poeta Mário de Andrade, considerado o primeiro colecionador de Chagall no país. “Na arte moderna, ninguém se dedicou tanto às técnicas de gravura quanto Chagall. Ele era um artista monumental, fez também desenhos, vitrais e até cenários para teatro”, diz Cynthia.

A organizadora escolheu inserir na exposição trabalhos contemporâneos em diálogo com a produção de Chagall. Um deles é Air Fountain (2022), do artista americano Daniel Wurtzel. A instalação fica na entrada do CCBB e apresenta dois fragmentos de tecido translúcido que se movimentam a partir de jatos de ar. “Ela remete ao sentimento de suspensão do amor tão retratado nos quadros de Chagall, em especial do último módulo”, explica.

Instalação artística no centro do pátio do CCBB Brasília. Trata-se de uma base redonda e espelhada no chão em cima da qual dois pedaços de tecido translúcido, um vermelho e outro azul, flutuam
‘Air Fountain’ (2022): diálogo entre contemporâneo e moderno (Agência Galo/Divulgação)

A outra é uma experiência cênico-musical denominada Bella e o Violinista, exclusiva da mostra em São Paulo. Fazendo alusão à esposa e grande amor de Chagall e à figura da tela O Violinista Verde (1924), que não está na exposição, a dupla do Prana Teatro manipula bonecos e toca violino enquanto recita poemas e falas do artista aos visitantes.

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Publicado em VEJA São Paulo de 15 de fevereiro de 2023, edição nº 2828

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