Toninho Buonerba (1939-2018), do Jardim de Napoli, vira praça
O inventor do polpettone é homenageado ao batizar um ponto na Avenida Sumaré, perto do Allianz Parque, o estádio do Palmeiras, que era seu time do coração
Em 2013, tive o prazer de escrever o perfil de Antonio Buonerba, aliás, Toninho, como ele gostava de ser chamado. O dono do Jardim de Napoli, que deixou sua marca na culinária paulistana e do Brasil, foi escolhido naquele ano a personalidade gastronômica por VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER. Toninho vira nome de praça neste sábado (25). A Praça Antonio Buonerba será inaugurada às 11h e fica na altura do número 16 da Avenida Sumaré, pertinho do Allianz Parque, o estádio do Palmeiras, time do coração do falecido restaurateur.
É raro ver uma personalidade da gastronomia emprestar o nome a um logradouro público. Toninho mereceu. O motivo é a criação de um prato que cabe como uma luva naquilo que minha querida e saudosa amiga Nina Horta definiu como ‘comida de alma’. Falo aqui do polpettone, não aquele original italiano que é um bolo frio de carne, mas a invenção de Buonerba.
Com formato de uma almôndega gigantona e achatada, foi desenvolvida em 1970. A intenção do criador era aproveitar as aparas do filé à parmigiana oferecido no Jardim de Napoli, trattoria fundada pelos pais dele, o casal de italianos Maria Prezioso e Francesco Buonerba, aliás, don Ciccio, um marceneiro que resolveu engordar a renda familiar servindo massas e pizzas num barracão no fundos de sua residência no Cambuci. Um negócio familiar que se profissionalizou com a abertura do restaurante na Rua Maria Paula, na Bela Vista, em 1949 — desde 4 de janeiro de 1968 está no atual endereço da Rua Martinico Prado, 463, em Higienópolis.
Na receita, mantida em segredo até hoje, Toninho combinou a carne com diferentes temperos, mandou muçarela no recheio, aplainou a bola de carne moída, empanou e fritou em óleo bem quente. Assim, nasceu a pedida de casquinha crocante, submersa em molho de tomate e coberta por parmesão ralado.
Mas nem sempre o polpettone foi êxito todo como me contou Buonerba no Boteco do Tonico, um espaço que ele mantinha para receber os amigos em frente ao Jardim de Napoli.
Durante anos, ficávamos felizes quando saíam vinte numa noite. Com o sucesso, viramos a Casa do Polpettone
Toninho Buonerba
“Durante anos, ficávamos felizes quando saíam vinte numa noite”, lembrou na ocasião. Foi só no início da década de 80 que o prato se popularizou. “Viramos a Casa do Polpettone”, costumava dizer cheio de orgulho — hoje, são vendidos no restaurante, em um ponto no Shopping Pátio Higienópolis e pelo delivery 9.000 polpottones a cada mês. O sucesso é tão grande que o polpettone foi copiado por cantinas, trattorias e outros restaurantes italianos Brasil afora. Um feito!
Clique aqui para ler o texto que escrevi sobre Toninho Buonerba por ocasião de sua morte em 2018.
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