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Blog do Lorençato

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O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas no YouTube. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Para comer bem na muvuca da 25 de Março

Ainda bem que o Félix da novela Amor à Vida é um personagem de ficção criado por Walcyr Carrasco. Até vendendo cachorro-quente, ou hot-dog, como sua ex-babá Márcia gosta de dizer, o moço comete infrações. Do contrário, não seria um dos vilões mais divertidos de todos os tempos. O ponto escolhido pela dupla, porém, é […]

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Atualizado em 26 fev 2017, 23h14 - Publicado em 13 dez 2013, 19h18
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Félix e Márcia: venda de “hot-dog” na Rua 25 de Março (Foto: Rede Globo)

Ainda bem que o Félix da novela Amor à Vida é um personagem de ficção criado por Walcyr Carrasco. Até vendendo cachorro-quente, ou hot-dog, como sua ex-babá Márcia gosta de dizer, o moço comete infrações. Do contrário, não seria um dos vilões mais divertidos de todos os tempos. O ponto escolhido pela dupla, porém, é ilegal. Pelo menos até que a lei que regulamenta a atividade seja aprovada.

Não existem ambulantes de comida na 25 de Março. Digo isso porque rodei a rua e suas transversais duas vezes nas  últimas semanas, a mais recente delas em 9 de dezembro, a segunda passada.

Naquele trecho, há apenas vendedores de água. Você vai se cansar de ouvir “água, água, água, olha a água”. Embora não seja recomendável, dá vontade de sentir na garganta um oásis engarrafado ao alcance da mão nessas ruas sem árvores. A única sombra é a dos prédios. E olhe lá!

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Bom, dá até para encarar um cachorro-quente, o único do pedaço. Os lanches podem ser encontrados no início da Ladeira Porto Geral em uma microlanchonete no estilo pé-sujo. Apertados atrás de um balcão, dois garotos preparam os sandubas “dogão prensado” em uma chapa. Provei a versão simples. Ou seja, sem purê de batata. Meu conselho: pule o sanduíche, que, se tem alguma qualidade, é a de ser servido quente. E só.

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Dogão: cachorro-quente somente no início da Ladeira Porto Geral e em um shopping/galeria popular (Fotos: Arnaldo Lorençato)

Também passe batido por aquelas máquinas com salgadinhos fritos atrás de escotilhas de vidro que se abrem ao serem acionadas com moedinhas. Encarei o croquete de carne, o croquete de frango, a coxinha… Qual é o melhor? Com boa vontade, o de carne. Mas posso apontar o lanterninha de ruindade: o croquete de queijo, que deixa a mão banhada de gordura e a língua pavimentada na fritura.

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Quickies: máquina importada da Holanda com salgadinhos na "escotilha"

Quickies: máquina importada da Holanda com salgadinhos na “escotilha”

Fui abordado por um ambulante de água que me ofereceu uma garrafinha: “Doutor, depois desse colesterol todo só com água para não destruir sua saúde. É preciso se cuidar…”

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Edulibano: trio de pastas (homus, babaganuche e coalhada seca) mais tabule

Os apressados que querem encarar apenas um salgadinho, um local sem erro é o Edulibano, na própria 25. A casa de ambiente asseado e com (ufa!) ar condicionado. As esfihas fechadas de carne são pródigas em recheio bem temperado envolto em uma massa fina. Gordotas e envoltas em uma massa delgada como uma casquinha, as coxinhas levam no interior frango moído. Quase virei fã. Comi nas duas vezes que estive na rua. Também gostei do quarteto – composto de pastas (homus, babanuche e coalhada seca) mais tabule fresquinho e feito como se deve: uma salada de salsinha com um cheiro de tomate e outro de trigo.

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Coxinha maravilha do Edulibano: fritura sequinha e recheio no capricho 

As esfihas abertas do Jacob Cozinha Árabe (Rua Comendador Abdo Schahin, 144, tel. 3227-5536) lembram as que comia na minha infância, quando ainda morava na distante Pirajuí, no interior do estado. Têm massa elástica, macia e bem tostada, parecidas com as que a dona Nena fazia e vendia no Bar do Titio, apelido do marido dela, seu Ratib. Ele era dono de um boteco que não existe mais,  localizado pertinho do Jardim dos Turcos, cercado por casas comerciais, a maioria delas comandadas por libaneses, que entraram no Brasil como turcos, já que no início do século XX o Líbano fazia parte do Império Otomano. Só não perca tempo com a porção de faláfel Jacob Cozinha Árabe, bolinhos duros e sem graça.

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Salgadinho do Jacob Cozinha Árabe: o melhor é a esfiha aberta de carne

No quase vizinho Raful, o salão é vistoso e o movimento é tremendo. Mas pedidas da estufa não me convencem. Dá para encarar a esfiha e o quibe, mas não tenho vontade de repetir a dose.

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Raful: salão confortável e sempre lotado

Para um almoço de verdade, suba um lance de escadas e dispute uma das mesas do Monte Líbano. Dona Alice Maatouk faz pratos que mimam o paladar. Gosto em particular do quibe cru.

Há ainda Churrascaria da Bolsa, no lado B da 25 de Março. Ou seja, fica longe da muvuca, na Avenida Senador Queirós. Reformada há dois meses, a casa tem uma pequena vitrine com peças de carne vistosas: medalhões bem altos de filé e nacos de picanha. Embora o assador não faça feio ao pilotar a grelha, preferi o prato do dia, um virado à paulista. Não é bonito na apresentação, mas é dos bons. O tutu, bem cremoso, é feito com feijão novo. Entre os complementos, além de uma bisteca suína, torresmo, arroz, couve, vem com uma deliciosa banana empanada e frita. Vale os R$ 21,50 para um apetite bem guloso. Para dois, sai ainda mais vantajoso: R$ 28,00. Só um detalhe: é servido só às segundas.

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