Galinhada de Atala: estreia da Virada Gastronômica com tropeços
Uma multidão se aglutinou no fim da noite de ontem e início da madrugada de hoje em cima do Elevado Costa e Silva. Todos que estavam por lá queriam ver o chef-celebridade Alex Atala e provar a galinhada preparada em seu restaurante de cozinha brasileira, o Dalva e Dito. Afinal, não é sempre que se […]
Uma multidão se aglutinou no fim da noite de ontem e início da madrugada de hoje em cima do Elevado Costa e Silva. Todos que estavam por lá queriam ver o chef-celebridade Alex Atala e provar a galinhada preparada em seu restaurante de cozinha brasileira, o Dalva e Dito. Afinal, não é sempre que se tem a oportunidade de experimentar a culinária defendida por um cozinheiro renomado como Atala, cujo restaurante D.O.M. foi premiado em 30 de abril o quarto melhor do mundo pelo revista inglesa “Restaurant”. Uma chance e tanto para estar em contato com o astro brasileiro e internacional dos fogões.
O que a princípio parecia ser simples, gerou problemas em série. Sem nenhum aviso prévio ao público, Atala decidiu que não cobraria pela refeição. “Era a condição que propus para participar da Virada”, disse Atala em conversa que tivemos por telefone. “Muita gente pensou que estivesse comemorando o prêmio da revista ‘Restaurant’, mas foi apenas uma coincidiência. Queria participar da Virada para mostrar que cozinha brasileira também é cultura.”
+ Rumo ao topo: D.O.M. é eleito o 4º melhor restaurante do mundo
A solução para oferecer a galinhada gratuitamente foi a distribuição de senhas para quem quisesse receber o prato. Mas não funcionou e muitos dos contemplados com a senha não conseguiram a embalagem de papel com o frango ensopado, arroz e farofa. Faltou combinar isso com a multidão que apareceu por todos os lados. Embora os responsáveis pelo projeto Chefs na Rua pareçam ter se esforçado, não se formaram filas, mas uma aglomeração de gente. Especialistas calculam que cerca de 5.000 pessoas estavam na via elevada. Mais confusão à vista. Com o tumulto formado pelo excesso de interessados na galinhada, cuja receita é de Geovane Carneiro, subchef do D.O.M., a direção do evento sugeriu que Atala não fosse à barraca, o que frustrou os fãs. “Fui até o Minhocão e cheguei a 100 metros da barraca, mas os responsáveis pela segurança me tiraram de lá. Não acharam seguro que descesse do carro no meio da confusão.”
Para piorar a situação, não havia energia elétrica para os fogões e ebulidores de água, assim como para os refrigeradores. Era impossível aquecer os 200 quilos de frango preparados ao longo de uma semana e embalados a vacuo em sacos plásticos. Também não havia como esquentar os 47 quilos de farofa e os 86 quilos de arroz, transformados não em 500, mas em 600 porções, como me contou uma das pessoas da equipe de cozinha de Atala. Essa desorganização dos organizadores do evento gerou atraso, com as porções sendo oferecidas timidamente à 0h45. O descontentamento do público era tanto, que sobraram vaias justamente para Atala, originalmente o homenageado da noite.
Resultado: só o arroz e a farofa estavam muito discretamente mornos, porque foram trazidos quentes do restaurante. O jeito, como me contou a grávida Marli Albino que estava por lá e conseguiu uma das disputadas marmitex brancas, era comer a galinhada fria mesmo. Mas ela não se queixou. Dona de um barrigão, vibrou com sua conquista.
Com uma procura tão grande, não provei o prato. Apenas fiz uma foto para que todos pudessem saber como ele era servido no evento. Pouco após a 1h30, a comida tinha terminado e a equipe de Atala partia. Depois de tanto tumulto, pode parecer impossível, mas a multidão se dispersou com tranquilidade. Que venha a próxima Virada Gastronômica, porém, com organização, muito mais organização. Essa é a lição que fica.
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