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Durante desocupação, GCM dá mata-leão em refugiado sírio na Liberdade

A prefeitura informou que “a guarda apoiou o trabalho dos agentes” e a “corregedoria está à disposição para registrar eventuais queixas sobre a conduta”

Por Ana Luiza Cardoso
Atualizado em 18 jul 2018, 10h09 - Publicado em 17 jul 2018, 18h53

Um vídeo que circula na internet mostra um guarda civil metropolitano imobilizando um refugiado sírio em uma via da Liberdade, bairro na região central de São Paulo. O caso aconteceu na manhã desta segunda-feira (16), na Rua Galvão Bueno, durante uma ação de desocupação de um espaço público invadido onde Jadalla Al SSabah abriu uma pequena loja para vender quitutes. Segundo a advogada do refugiado, ele não sabia que o espaço era invadido e o alugou de um homem que possuía um brechó no ponto.

Nas imagens, dá para ver um GCM aplicando um “mata-leão” em Al SSabah, que parece sufocado. Também é possível ouvir algumas pessoas pedindo para que o guarda o solte (confira o vídeo abaixo).

Em nota, a prefeitura informou que “a guarda apoiou o trabalho dos agentes da Prefeitura Regional. A Corregedoria está à disposição para registrar eventuais queixas sobre a conduta dos guardas para apurar as circunstâncias em que ocorreu a abordagem”.

Segundo Marina Tambelli, amiga e advogada que representa Jadalla Al SSabah, ele está há quatro anos no país e fez bicos para juntar dinheiro e abrir o negócio.

“No local que ele alugou morava uma pessoa que tinha um brechó. Al SSabah perguntou como ele poderia arrumar um lugar para montar o restaurante dele, e o homem ofereceu seu espaço”, conta. “Eles fizeram um contrato de locação assinado no dia 18 de maio deste ano e Al SSabah passou 45 dias reformando o lugar”.

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De acordo com a advogada, o refugiado gastou cerca de 13 000 reais com as obras do espaço e mais 15 000 reais para a compra do fogão, estufa para esfiha, geladeira e freezer.

Ela conta que no último dia 26, data de inauguração do espaço, um funcionário da prefeitura foi ao local e lhe entregou o auto de infração para assinar. O documento dava quinze dias para ele deixar o espaço.

“Al SSabah estava sozinho e não entendeu. Como foi o dia de abertura, achou que era procedimento padrão da prefeitura. Eles voltaram ontem e levaram tudo”, conta. “Meu cliente não sabe o que é um auto de infração. Se isso é difícil para um leigo, imagina para um refugiado”.

Em nota, a Prefeitura Regional da Sé informou que “todos os pertences foram lacrados e armazenados em um depósito, e 64 contra lacres foram entregues ao responsável pelo local. Para reaver os pertences, o responsável deve comparecer à Prefeitura Regional Sé, na Rua Álvares Penteado, apresentar os contra lacres e abrir um processo com a solicitação”, diz.  No documento, a prefeitura afirma ainda que o banheiro do local é público e “foi invadido, descaracterizado e estava sendo utilizado havia pelo menos vinte dias com atividade comercial”.

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A advogada disse que apresentou denúncia ao Ministério Público na segunda-feira (16) para apurar “o crime de estelionato em razão do abandono de bem público”. “Eles deram um prazo de quinze dias para analisar o caso”, conta.

“A prefeitura aparece no dia em que Al SSabah abre o restaurante. Ele ficou quinze dias quebrando coisas e ninguém viu nada?”, questiona.

A advogada conta que entrou com uma liminar na 7ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo para que Al SSabah possa encontrar outro lugar para levar seus pertences. “A gente está pedindo a devolução das coisas dele para que elas retornem para o imóvel. Ele não está se negando a sair de lá, mas agora ele não tem para onde levar as coisas dele. Pedimos um tempo para que ele possa encontrar outro lugar e tirar as coisas pacificamente”, conclui.

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