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Vértebra de dinossauro é encontrada no interior de SP

Osso do titanossauro estava em um barranco na zona rural; animal viveu na região há cerca de 100 milhões de anos

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 5 nov 2019, 14h18 - Publicado em 5 nov 2019, 14h10

O paleontólogo Fabiano Vidoi Iori identificou como uma vértebra de titanossauro o fóssil que retirou do barranco de uma grota, há um mês, na zona rural de Uchoa, região norte do Estado de São Paulo. O osso, que estava isolado por ter se separado do esqueleto, foi levado para o Museu Paleontológico Pedro Candolo, na área urbana. “O fóssil está em fase de preparação, mas já dá para saber que é uma vértebra do ‘pescoçudo’“, disse, referindo-se à principal característica desse herbívoro.

A reportagem acompanhava o trabalho do paleontólogo quando ele constatou que aquilo que parecia uma simples pedra no barranco era o testemunho fóssil de um dinossauro que viveu na região há 100 milhões de anos. Ao remover, com martelo e talhadeira, a camada de arenito, ele comentou, na ocasião, a dimensão do achado. “Pelo tamanho do osso, pode ser um titanossauro, mas só vamos saber depois de concluir a retirada”, disse, na ocasião. O pesquisador trabalhou mais de uma semana para ter a certeza do achado.

O fóssil que o paleontólogo desencravou do barranco foi avistado pelo biólogo Leonardo Silva Paschoa, administrador do museu de Uchoa. Ele e o amigo José Rafael Fernandes, escrevente de cartório e estudante de Direito, dedicam os fins de semana à busca de indícios de fósseis pela zona rural. “Já nos chamam de caçadores de dinossauros”, disse Fernandes. O museu reúne cerca de 200 peças, incluindo fósseis de crocodilos que viveram na região na era dos dinossauros.

Outros fósseis importantes para a compreensão da pré-história mais remota do interior foram achados, este ano, em Presidente Prudente. São rochas incrustadas com ossinhos de pequenas aves-dinossauros que viveram há 80 milhões de anos, recolhidas em um sítio paleontológico de Presidente Prudente. Os achados são estudados pelo paleontólogo Willian Nava, do Museu de Paleontologia de Marília, no oeste paulista.

Três espécies já foram identificadas e podem ser inéditas. “É o primeiro registro de aves da era dos dinossauros no Sudeste brasileiro. Estamos estudando os fósseis em parceria com o Museu de História Natural de Los Angeles (EUA), o Museu de Taubaté (SP) e o Museu Argentino de Ciências Naturais (Buenos Aires)”, explicou. O sítio em que as aves foram encontradas recebeu o nome de William’s Quarry (pedreira do William), em homenagem ao paleontólogo. Ele já recolheu mais de mil ossinhos no local.

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Nava está à frente de outros achados importantes na região. Ele começou a garimpar fósseis pelo oeste paulista após ter encontrado, em 1993, uma escápula (osso do tórax) de titanossauro. “Foi um achado que mudou minha vida, pois era bancário e virei paleontólogo”, conta. Em 2009, o pesquisador descobriu à margem de uma rodovia, em Marília, o fóssil de titanossauro mais completo do Brasil.

A ossada, com 60% do esqueleto, foi retirada com a ajuda do paleontólogo Rodrigo Santucci, da Universidade de Brasília (UnB) em quatro sessões de escavação entre 2011 e 2012. Ele ainda está sendo descrito, mas já recebeu o apelido de Dinotitã de Marília. Há um mês, ele voltou ao paredão, na Serra das Avencas, e achou fósseis de plantas que serviam de alimento aos dinossauros herbívoros.

O paleontólogo conta com a ajuda da estagiária Rebeca Chagas Vallilo, de 19 anos, para organizar os fósseis no museu de Marília, que, mesmo fechado para obras, recebe visitas agendadas.

A confeiteira Milena Manzoni, de 37 anos, aproveitou a presença da reportagem para entrar com o filho Pedro Henrique, de 4 anos. “Ele é apaixonado por dinossauros, conhece as histórias, sabe qual é qual. O que tem de dinossauro em casa é inacreditável”, disse, enquanto o pequeno se extasiava com o úmero de um tiranossauro parcialmente cravado na rocha. O município vai investir R$ 188 mil na modernização do museu e R$ 208 mil no mirante do Vale dos Dinossauros, que terá uma réplica de 15 metros do Dinotitã.

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