Os crimes e tragédias que causaram comoção na metrópole

Os casos chocantes que mereceram cobertura jornalística nos últimos 30 anos

Por Silas Colombo
Atualizado em 1 jun 2017, 16h36 - Publicado em 18 set 2015, 20h00
Jorginho Bouchabki
Jorginho Bouchabki (Roberto Loffel/)
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ASSASSINATO NO JARDINS

Na véspera do Natal de 1988, Jorge e Maria Cecília Bouchabki foram mortos com quatro tiros à queima-roupa. Eles estavam deitados na própria cama numa mansão na Rua Cuba, no Jardim América. Embora a porta do quarto estivesse trancada por dentro, os policiais descartaram a hipótese de homicídio seguidode suicídio. A arma, um revólver calibre 32, nunca apareceu, e a investigação revelou que a cena do crime fora alterada. Na época, as suspeitas recaíram sobre o filho mais velho do casal, Jorge Delmanto Bouchabki, o Jorginho, então com 18 anos. Por falta de provas, o caso acabou sendo arquivado e, até hoje, a autoria do crime permanece um mistério.

Depois da tragédia, Jorginho mudou-se para Ribeirão Preto para estudar direito. Em maio de 1991, uma reportagem exclusiva de VEJA SÃO PAULO, assinada por Mônica Bergamo, mostrou como o rapaz estava reconstruindo a vida.

casa na Rua Cuba
casa na Rua Cuba ()

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A desconfiança dos colegas de classe e o misto de emoções que despertava nos moradores da cidade não pareciam desmotivá-lo. O aluno queria virar escritor, vereador e, depois, ministro da Justiça. Ele contou também que a fama trazida pelo drama familiar lhe serviu de benefício uma vez, quando um assaltante tentou roubar seu Monza branco 87 mas desistiu depois de receber uma carteirada inusitada: “Você sabe quem eu sou? Sou o Jorginho da Rua Cuba”.

Jorginho Bouchabki 2
Jorginho Bouchabki 2 ()

Na passagem por Ribeirão, ele teve um problema na Justiça: em 1992, um tribunal o condenou a pagar uma multa de 55 000 reais pela falsificação de quatro cheques, que somavam 2 700 reais, usados, na época, para pagar a mensalidade da faculdade. Apesar do problema, ele conseguiu concluir o curso. Hoje, aos 45 anos, atua como advogado civil e criminal em ume scritório no Morumbi. Na sua página do Facebook, gosta de postar fotos de jipes e críticas à presidente Dilma Rousseff.

TIRO DESASTROSO

adriana caringI
adriana caringI ()
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Aquele que seria o salvador da professora de educação física Adriana Caringi, de 23 anos, se transformou em seu algoz, em um episódio que chocou os paulistanos. Na noite de 20 de março de 1990, no bairro da Pompeia, após ser mantida refém por cinco horas, ela perdeu a vida por causa de um erro do cabo Antônio Carlos Furlan, atirador de elite do Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar(Gate). A bala disparada pelo fuzil do agente desviou-se num osso do crânio do assaltante Gilberto Palhares e atingiu mortalmente Adriana. O caso foi abordado, na época, pela Vejinha em uma reportagem sobre a falta de preparo dos policiais. Devido ao acidente, o militar está afastado das ações de campo até hoje.

TERROR NA BRASILÂNDIA

policial pesseghini morto e família
policial pesseghini morto e família ()

No dia 5 de agosto de 2013, cinco pessoas da mesma família que moravam em duas casas vizinhas na Zona Norte foram achadas mortas. Em uma residência, a polícia encontrou os corpos do sargento Luís Marcelo Pesseghini, da cabo Andreia Regina e do filho do casal de PMs, Marcelo, de 13 anos. Na outra casa, estavam o da tia e o da avó do garoto. No primeiro momento, suspeitou-se de uma vingança. As investigações levantaram e depois confirmaram uma hipótese mais surpreendente: o menino Marcelinho havia atirado nos parentes e, na sequência, cometido suicídio. Os detalhes da tragédia foram abordados em uma reportagem de capa em agosto daquele ano. Antes de desfechar essa ação macabra, o menino contou a amigos da escola que sonhava ser um matador de aluguel. A conclusão do caso é contestada até hoje pela família Pesseghini, que contratou investigadores particulares e tentou reabri- lo três vezes — mais recentemente, no mês passado —, mas sem sucesso.

PRÍNCIPE ESFAQUEADO

Aparício Basílio
Aparício Basílio ()
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Sócio da perfumaria Rastro, Aparício Basílio da Silva foi morto em 19 de outubrode 1992. Encontrado em um terreno em São Bernardo do Campo, seu corpo tinha 97 perfurações. Na noite fatídica, o empresário, de 56 anos, havia conhecido um rapaz em uma boate gay nos Jardins, sem imaginar que ele era um criminoso à espreita de uma vítima. Na saída, esse bandido e um casal de comparsas entraram com Aparício em seu Fiat Tempra. Segundo a polícia, é provável que a vítima tenha reagido à tentativa de roubo, como mostrou uma reportagem da revista na época. Os assaltantes foram condenados por latrocínio. Cada um deles ficou onze anos na cadeia.

MORTE EM FAMÍLIA

suzane von richthofen
suzane von richthofen ()

Na madrugada de 31 de outubro de 2002, a estudante Suzane von Richthofen abriu a porta da mansão de sua família, no Brooklin, para que o namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, entrassem no local. Com barras de ferro e o rosto coberto por meia-calça, os dois subiram as escadas e invadiram o quarto dos pais da garota. O engenheiro Manfred e a psiquiatra Marísia foram mortos com golpes na cabeça enquanto Suzane aguardava no térreo, sentada no sofá, com as mãos nos ouvidos. Antes de saírem, os Cravinhos levaram dinheiro e joias para simular um assalto. Depois de a polícia desmascarar o trio, eles confessaram o assassinatoe o motivo do crime: queriam dividir uma herança avaliada em quase 11 milhões de reais. Suzane, hoje com 31 anos, encontra-se na Penitenciária de Tremembé, a 150 quilômetrosda capital. Condenada a 39 anos, ela ficará na cadeia por, no máximo, trinta anos. Seu irmão caçula, Andreas, atualmente com 28 anos, ficou com os direitos sobre a herançada família. Em Tremembé, Suzane casou-se, em setembrode 2014, com a detenta Sandra Regina Ruiz Gomes, sequestradora e ex-amante de Elize Matsunaga, presa após ter esquartejado o empresário Marcos Kitano Matsunaga, herdeirodo grupo empresarial Yoki. Em 2013, os irmãos Cravinhos passaram a cumprir a pena em regime semiaberto.

DISPAROS COVARDES

Sandra Gomide
Sandra Gomide ()
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No dia 20 de agosto de 2000, o então diretor de redação de O Estado de S. Paulo, Antonio Marcos Pimenta Neves, matou pelas costas, com dois tiros, a repórter do jornal Sandra Gomide, de 32 anos, em um haras em Ibiúna, no interior de São Paulo. Semanas antes, ela havia terminado o namoro entre eles. Pimenta, ciumento e possessivo, não se conformava com o rompimento. O assassinato covarde e a relação conturbada foram temas da reportagem especial “Um caso de amor e morte”.

antonio pimenta neves
antonio pimenta neves ()

Pimenta confessou o crime e acabou condenado em 2006 a dezenove anos de cadeia por um júri popular (posteriormente, a pena seria reduzida para catorze anos). Na época, depois de ficar sete meses no presídio de Tremembé, Pimenta conseguiu sair graças a um habeas-corpus. Só em 2011 voltou para a cela. Em setembrode 2013, no entanto, a Justiça concedeu ao jornalista o direito de cumprir o restante da pena no regime semiaberto.

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