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‘Tentei suicídio aos 12’, conta transexual adolescente

SUS vai oferecer hormonioterapia a partir dos 16 anos; HC tem 150 pacientes na fila para transexualização, que deve aumentar com chegada dos jovens

Por Inara Chayamiti
Atualizado em 16 Maio 2024, 17h33 - Publicado em 14 jun 2013, 21h30

“O meu interior sempre soube que eu era mulher. Aos três anos, eu já tinha uma aversão ao meu genital”, conta Bárbara Cristina Pereira, que fez a cirurgia de redesignação sexual há quase um ano pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

“As pessoas acham que se você tem 12 anos, você não sabe o que quer. Mas você já sabe quem você é e isso não muda”, desabafa Pedro*, 21.

O Ministério da Saúde vai reduzir de 18 para 16 a idade mínima para que transexuais façam hormonioterapia, e de 21 para 18 anos, para passarem pela cirurgia. Também irá pagar a operação de readequação do sexo feminino para o masculino.

Isso vai ajudar jovens como Samantha, de 16 anos, que já tomou onze hormônios diferentes sem orientação médica. “Chorava só de me olhar no espelho. Tentei suicídio aos 12 anos”, conta.

A jovem, que faz psicoterapia há um ano e meio na Casa do Adolescente de Heliópolis, acaba de entrar na lista de espera do Hospital das Clínicas (HC) para iniciar o processo de transexualização.

Ela está entre os 150 pacientes que aguardam a primeira avaliação. São atendidos, em média, 400 pacientes por mês. A proporção de mulheres transexuais e homens transexuais é de três para um.

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Já a estudante Laura Prevato, 28, está há 10 anos na fila da cirurgia de redesignação sexual do SUS. “O basta que eu quero com a cirurgia é não ter que me explicar para ninguém.”, diz.

“Vamos ter mais filas [com a chegada de mais jovens], tenho certeza que o SUS não está preparado para isso”, diz a psicóloga e diretora técnica do Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento-DST/AIDS, Judit Busanello.

“Nossa agenda cirúrgica está completa até final de 2014 e temos em torno de 60 pacientes em psicoterapia preparatória para a cirurgia”, explica Elaine Costa, endocrinologista do HC.

Já no ambulatório do CRT-DST/AIDS, há 230 pacientes que já passaram pelos dois anos obrigatórios de psicoterapia e que gostariam de serem operados.

Em 2012, o HC realizou 12 novas cirurgias de redesignação sexual, totalizando 48 procedimentos cirúrgicos.

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“A média de espera tendia a ser de quatro anos, isso vai aumentar”, afirma o psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Transtornos de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos) do Instituto de Psiquiatria do HC.

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2008 e 2012, 176 pessoas passaram pelo processo completo de transexualização. Foram realizados 2 451 procedimentos cirúrgicos, que custaram R$ 319 000.

Um a cada 30 mil homens e uma a cada 100 mil mulheres, é transexual, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

*O nome foi trocado para preservar a identidade do entrevistado.

Agradecimento: Circus Hair

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