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Repórter testa dicas de especialistas para barganhar preços

De camisa na 25 de Março a bolsa na loja Chanel, é possível conseguir desconto ou facilidade no pagamento por meio da pechincha

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 13h51 - Publicado em 7 nov 2014, 23h50

“Você não está sozinha. A maioria dos brasileiros tem vergonha de pedir desconto.” A constatação de Evaldo Alves, professor de economia da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV/Eaesp), tirou de mim a sensação de peixe fora d’água quando recebi a missão de preparar um teste da barganha para VEJA SÃO PAULO, pondo em prática nas ruas as orientações de especialistas para conseguir boas condições de pagamento. “Herdamos a cultura portuguesa de orgulho por poder bancar o preço pedido, e muita gente acaba perdendo dinheiro assim”, completou Alves. Antes de ir às compras, entre sexta (31) e terça-feira (4), ouvi o professor e outros especialistas que entendem do assunto. “Esqueça o constrangimento. Afinal, a maioria dos comerciantes pensa nisso ao definir a margem de lucro”, aconselhou Claudia Almeida, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “Quase tudo pode sair de 2% a 50% mais barato”, ressaltou Richard Furck, que dá palestras sobre negociação e vendas a grandes empresas.

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Depois do coaching intensivo de pechincha, saí atrás da primeira missão: uma televisão nova. A minha, de tubo, comprada há treze anos, começava a chiar. A saga se iniciou em uma busca na internet, pois as lojas virtuais costumam ter preços menores do que as físicas. Logo caí de amores por um modelo de 42 polegadas com wi-fi integrado. Ele custava em média 1 800 reais nos magazines populares, mas eu queria gastar 1 500 reais, o valor dos sites. Para caçar meu objeto do desejo no domingo, repetia mentalmente o conselho de Furck: “Demonstre disposição para comprar, mas jamais empolgação. Use sua poker face”. Tradução: blefe na cara dura, como os campeões de pôquer.

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Foi uma andança de seis horas nos corredores do Shopping SP Market, em Interlagos, entre Casas Bahia, Pernambucanas, Lojas Americanas e Magazine Luiza. Neste último, o melhor preço: de 1 880 reais para 1 690 reais, em dez vezes sem juros. Na hora de fechar, o vendedor se deu conta de que o produto só estava disponível na filial de Santo Amaro. Aproveitei para pedir mais um desconto, pelo deslocamento. Não consegui. Fui às Casas Bahia: “Se igualar a oferta do Magazine Luiza, vou comprar agora com você”.

O atendente consultou o computador, equiparou o preço, mas disse que o “sistema” só liberava a condição de cinco vezes sem juros. Frustrada, decidi “chorar” na Rua Santa Ifigênia no dia seguinte. Então veio a luz no fim do corredor de uma galeria: há locais especializados em vender aparelhos de mostruário. Encontrei um modelo melhor que a encomenda: de 42 polegadas, com wi-fi integrado, exibição em 3D e com quatro pares de óculos, que nos grandes magazines dificilmente sairia por menos de 2 400 reais. Em perfeito estado, custava 1800 reais. Cerca de uma hora de choro e a observação detalhada do item levaram o preço a 1 500 reais. O veredicto de Furck: “Sua compra foi um ótimo negócio. O consumidor só não pode se esquecer de olhar a conservação e exigir garantia e nota fiscal”.

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Além da televisão, negociei (mas não levei) carro, plano de celular, roupa na Rua 25 de Março e uma bolsa Chanel. Um clássico modelo wallet on chain sairia por 8 300 reais no Shopping Iguatemi (isso mesmo: o custo de mais de cinco televisores). Pedi abatimento. “A Chanel não dá desconto”, decretou a vendedora, que ostentava o jeitão blasé da atriz Kristen Stewart, garota-propaganda da marca. Silêncio. “Mas dá para parcelar?”, insisti. Sim, em até seis vezes sem juros. Bem, se até na emblemática grife francesa de alta-costura o chorinho leva a algum resultado, vale a pena largar a preguiça, a vergonha e os impulsos em nome de uma boa condição de pagamento. É a lição do consultor Chester Karrass, que há mais de quarenta anos faz seminários sobre a arte de comercializar para grandes executivos nos Estados Unidos: “Na vida, você não conquista o que merece, mas o que consegue negociar”.

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Manual do “choro”

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As dicas para pagar menos

1. Pesquise e depois leve ao balcão os valores praticados pela concorrência.

2. Com frequência, grandes redes vendem mais barato na internet do que em lojas físicas.

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3. O pagamento em dinheiro vivo é um ótimo argumento para derrubar o preço.

4. Contenha o entusiasmo, mas não despreze o produto — o vendedor se dedica a quem quer comprar.

5. Compre carros no último dia do mês, quando vale tudo na concessionária para bater metas.

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6. Para eletrônicos, como TV, o melhor mês é maio, quando as linhas são trocadas.

7. A maioria dos eletrodomésticos entra em promoção em setembro. As geladeiras barateiam em maio.

8. Ao comprar roupas (exceto as de grife) é possível “chorar” bastante, pela margem elástica de lucro.

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