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Exclusivo: Suzane Richthofen quer virar missionária evangélica

Noiva, a presidiária dá os primeiros passos para se dedicar às pregações religiosas

Por Adriana Farias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 jun 2017, 06h59

No mês passado, Suzane von Richthofen deixou a prisão pela quinta vez desde março de 2016, em mais uma das chamadas saidinhas temporárias. Ganhou o benefício da liberdade por cinco dias, ironicamente, devido ao Dia das Mães — em 2002, a jovem foi parar atrás das grades por estar envolvida no assassinato dos pais.

Na porta do presídio feminino de Tremembé, no interior, a moça, de 33 anos, encontrou o noivo, o empresário Rogério Olberg, 38. Beijaram-se e, dentro de um Fiat Idea, seguiram para um sítio em Angatuba, a 214 quilômetros da capital, onde o rapaz vive. Eles tinham um propósito em mente: encontrar o pastor Euclides Vieira, da Igreja do Evangelho Quadrangular, membro de um templo em Itapetininga, perto dali, para revelarem a ele o interesse em virar missionários.

Pastor Euclides Vieira, da Igreja Quadrangular (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Em uma padaria, junto de café com leite e pão na chapa, pediram orientações sobre como exercer o ofício de pregador e levar o Evangelho a pessoas como moradores de rua e usuários de drogas — confidenciaram ainda ter a intenção de trocar alianças até o fim do ano. “Perguntei a Suzane se ela está preparada para a possibilidade de as pessoas se levantarem e irem embora da igreja, para andar na rua e ouvir xingamentos”, contou Vieira à reportagem de VEJA SÃO PAULO. “Ela olhou firme nos meus olhos, afirmou que faria aquilo por Deus e enfrentaria o que viesse. Senti bastante firmeza.”

Suzane teria direito à próxima saída provisória em agosto, a pretexto do Dia dos Pais. Porém, a Justiça dará o aval final algumas semanas antes do feriado. Se o pedido for aceito, ela pretende aproveitar a oportunidade para dar o primeiro passo na vida de missionária. Ele consistirá em um testemunho sobre suas experiências para uma plateia de catorze dependentes químicos na Casa de Recuperação Jeová Rafá, em São Miguel Arcanjo, também no interior paulista. A instituição é mantida pelo pastor Vieira.

Famílias durante culto religioso na Casa de Recuperação Jeová Rafá, em São Miguel Arcanjo, no interior, onde Suzane deve prestar um testemunho em sua próxima saída temporária em agosto (Arquivo Pessoal/Exclusivo/Veja SP)

Olberg comandou sua primeira pregação, durante quarenta minutos, no último dia  2, no mesmo endereço. Aos usuários em reabilitação, disse que sua “futura esposa é a mais odiada do Brasil”, mas que seguia em frente com seu propósito. O rapaz possui uma pequena empresa de serviços de transporte, mas ficou sem trabalho desde que o romance foi descoberto.

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No início do mês, em uma visita à noiva em Tremembé, precisou acalmá-la, pois Suzane estava “muito abalada” com as notícias sobre o irmão, Andreas, que havia sido internado em uma ala psiquiátrica após tentar invadir uma casa na Zona Sul da capital.

O pastor Davi Rodrigues, da liderança da Quadrangular: “Toda pessoa tem direito a uma segunda chance” (Antonio Milena/Veja SP)

Condenada a 39 anos de reclusão, quinze deles cumpridos, ela se prepara dentro da cadeia, onde apresenta boa conduta e trabalha — assim, pode conseguir progredir para o regime aberto até 2020, na hipótese mais otimista. Estuda a Bíblia e frequenta os cultos evangélicos semanais. Para se tornar missionária de fato, Suzane deverá fazer um curso básico de ao menos um ano promovido pelo Instituto Teológico Quadrangular e se submeter a uma prova final.

O pastor Vieira sugeriu a ela que realizasse o programa por correspondência. As apostilas seriam encaminhadas à penitenciária. Na sequência, teria de passar por uma entrevista com uma liderança da igreja para atestar sua capacitação. “Nessa etapa, sentimos a espiritualidade e a verdade do candidato, então nenhum ator consegue nos enganar”, garante o pastor Davi Rodrigues, membro do Conselho Nacional de Diretores da Quadrangular.

Depois disso, ela participaria de uma convenção para ser nomeada missionária. “Toda pessoa tem direito a uma segunda chance, se estiver mesmo arrependida”, completa ele, referindo-se a Suzane.

A presidiária em saidinha de agosto do ano passado: ela não perde um culto na cadeia (Jefferson Coppola/Veja SP)

Frequentador da Quadrangular desde jovem, Olberg foi quem exerceu influência sobre a namorada em relação à igreja. Ele pregava o Evangelho por meio de cartas enviadas à interna, que conheceu por intermédio da irmã Luciana, também presidiária de Tremembé. Assim, apaixonou-se. O romance foi revelado por VEJA SÃO PAULO em maio de 2016. O pastor Vieira orienta o rapaz desde 2005.

O líder espiritual é conhecido onde vive como um exemplo de superação por ter vencido um vício em cocaína que durou dezesseis anos, aberto uma casa de recuperação e ajudado dezenas de famílias. No início do namoro do casal, Vieira foi consultado pelo fiel: “Falei: ‘Se é amor verdadeiro, assuma a bronca e bola pra frente’ ”, lembra.

Na última saidinha de Suzane, o pastor foi confundido com tiete por tirar fotos com o casal. As imagens foram parar nas redes sociais. “Saí prejudicado”, diz. “Alguns conhecidos comentaram ser inadmissível eu estar ao lado de Suzane, mas tenho exemplos de criminosos recuperados. O perdão vem de Deus.”

O pastor Vieira, entre Suzane e Olberg, no mês passado: conselhos sobre religião (Arquivo Pessoal/Exclusivo/Veja SP)
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