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Surto de dengue muda a rotina dos moradores da Zona Oeste

A incidência da doença cresce a uma taxa de 13% por semana na cidade de São Paulo, e a maioria dos casos concentra-se em bairros como Jaguaré e Lapa

Por Jussara Soares
Atualizado em 1 jun 2017, 17h20 - Publicado em 16 Maio 2014, 21h47

O repelente, o inseticida elétrico e a vela de citronela, escudos contra qualquer mosquito e pernilongo, têm se tornado nas últimas semanas itens de necessidade básica na Zona Oeste. O crescimento do número de casos de dengue na cidade, com alta concentração em bairros como Jaguaré, Lapa e Rio Pequeno, mandou muita gente para o hospital e mudou os hábitos dos moradores da região. Quem foi infectado e baixou no pronto-socorro com febre alta, dores no corpo e no fundo dos olhos teme ser picado novamente pelo Aedes aegypti. “A segunda vez é mais perigosa”, diz a estudante Eleni Isabel Rodrigues Godaroulies, de 10 anos. Moradora do Alto de Pinheiros, ela ficou afastada por dez dias da escola no início de abril por causa da doença. Agora, ajuda a mãe, Teresa Cristina Rodrigues, a eliminar os possíveis focos da praga em casa, colocando areia nos vasos de planta, por exemplo.

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Desde o começo do ano, a capital registrou mais de 5 000 casos e quatro mortes.Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde divulgados na semana passada, a taxa atual de crescimento da infecção é de preocupantes 13% por semana.Se prosseguir nesse ritmo, a tendência é superar o cenário de 2010, quando a dengue contaminou quase 6 000 pessoas, recorde na história da cidade.

 

Na Zona Oeste a questão ainda é mais grave. A área concentra a maioria dos registros da metrópole. A taxa média de incidência da doença na capital é de 45,3 casos a cada grupo de 100 000 habitantes. Alguns bairros da região superam em muito esse índice. No Jaguaré, onde o problema atingiu proporções alarmantes, a ocorrência é de 1 578,3 por grupo de 100 000 habitantes. Lapa e Vila Leopoldina têm taxas de 533,9 e 121,6, respectivamente. “Além de a temperatura ter sido elevada no começo deste ano, o que cria as condições ideais para a proliferação do Aedes, há favelas no limite com Osasco e Taboão da Serra com graves problemas de infraestrutura urbana, que contribuem para a proliferação do mosquito”, explica a médica Bronislawa Ciotek de Castro,do Programa de Combate à Dengue da Coordenação de Vigilância em Saúde do município (Covisa).

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Alguns hospitais da Zona Oeste criaram áreas específicas para cuidar dos pacientes com os sintomas da doença. Até as primeiras semanas deste mês, foram atendidas 678 infectadas na unidade Morumbi do Hospital São Luiz. O Albert Einstein recebeu em sua emergência 360 casos até abril. Com a queda de temperatura verificada em maio, o número baixou. “A média diária caiu de quinze para oito”, afirma Antonio da Silva Bastos Neto, gerente do pronto-socorro do Einstein.

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O surto de dengue mudou também a rotina de professores e alunos na Zona Oeste. Com unidades no Alto da Lapa, Alto de Pinheiros e na Vila Madalena, o Colégio Oswald de Andrade intensificou os cuidados com os lugares que podem ser foco do mosquito, e o tema virou objeto de debate em sala de aula. O Colégio Madre Alix, no Jardim Paulistano, envolveu crianças a partir de 2 anos e meio em atividades de prevenção. Elas são orientadas a recolher os brinquedos, como os baldinhos de areia, que, se deixados ao ar livre, podem acumular água e se tornar criadouros. “Fazemos tudo de forma lúdica para não amedrontar a turma”,diz a coordenadora pedagógica Marta Cesaro.

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Roberto Cardinalli Dengue
Roberto Cardinalli Dengue ()

Cuidados semelhantes são adotados em condomínios residenciais. O administrador Roberto Cardinalli, de 30 anos, morador das Perdizes, teve dengue há um mês. Depois disso, redobrou a vigilância em sua casa. “Mas, se no apartamento de baixo não fazem o mesmo, estamos todos em risco”, diz. Ele tem razão. De acordo com a Covisa, cerca de 90% dos trasmissores estão dentro de casa. Uma fêmea pode contaminar até 300 pessoas num raio de 500 metros. Devido a isso, a entidade reforçou as ações de bloqueio e combate nas áreas afetadas. De janeiro ao início de maio foram visitados cerca de 2,2 milhões de imóveis na capital. “Políticas públicas são inócuas se não há conscientizaçãoda população”, afirma Fredi Quijano, epidemiologista da Faculdadede Saúde Pública da USP.

* Cuidados básicos

–  Preencha vasos de planta com areia

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– Jogue fora tampas, latas e embalagens plásticas. As recicláveis, como garrafas PET, devem ser guardadas fora do alcance da chuva

– Guarde de boca para baixo latas, baldes, potes e outros frascos

– Mantenha fechadas as caixas-d’água com tampa sem rachaduras ou utilize tela tipo mosquiteiro

– Trate a água da piscina com cloro ou a mantenha coberta

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– Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos

– Brinquedos, lonas, aquários, bacias também devem ficar longe da chuva

 

 

 

 

 

 

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