Quantidade de minimercados mais do que dobra em condomínios residenciais
Estimativa de empresas do setor é de continuidade de crescimento acelerado; empreendimentos já contam com espaço definido em planta
Os minimercados estavam presentes de forma pontual em edifícios residenciais na cidade de São Paulo até o ano de 2019. Porém, com as restrições de circulação impostas pela pandemia de Covid-19, esses serviços autônomos proliferaram a partir de 2020 e agora vivem um verdadeiro boom, crescimento que promete ser ainda maior pelo fato de que muitas construtoras passaram a oferecer esses espaços já nas plantas.
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Até o final de 2022, VendPerto, market4u, Minha Quitandinha e Honest Market operavam juntas na cidade de São Paulo 1 079 lojas em condomínios, número que saltou para 1 422 já neste primeiro semestre, numa evolução de 31,8% no período. Essas empresas projetam fechar 2023 com mais 1 215 novos pontos. Se efetivado, serão 2 294, mais do que o dobro do que operavam no final do ano passado. Se efetivado, o número equivale a dizer que 9,1% do total de prédios residenciais (número estimado em 25 200 na capital) contarão com esses serviços. “Existem algumas características mínimas como número de unidades, localização e aprovação dos condôminos. Mas já é uma tendência”, diz Angélica Arbex, diretora de marketing da Lello Condomínios.
Entre os motivos que explicam esse boom estão o baixo investimento, o fato de ser um negócio relativamente seguro e treinamento simplificado, segundo analisa Adriana Auriemo, vice-presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising). “Terá um crescimento muito grande nos próximos anos”, afirma a executiva.
Muitas dessas empresas nasceram durante a pandemia. Algumas inclusive fora da cidade de São Paulo, porém, enxergam no mercado da capital o “grande filé” do cardápio de clientes potenciais. É o caso da Minha Quitandinha, uma startup de tecnologia de varejo nascida em Balneário Camboriú (SC). Atualmente 31% de todas as lojas da empresa no estado de São Paulo estão em condomínios da capital. Nascida em Curitiba, no Paraná, a market4u opera cerca de 2 000 lojas em todo país, sendo que 918 delas estão na cidade de São Paulo. “Há espaço para abertura de 50 000 lojas [no país] até 2028”, afirma Eduardo Córdova, CEO da market4u.
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Praticando preços mais baixos do que as lojas de conveniência e um pouco acima dos supermercados, esses empresários afirmam que o objetivo não é o de concorrer com os chamados mercados de proximidade, pequenas lojas de grandes redes, tais como Minuto Pão de Açúcar, Carrefour Express e Oxxo. “O foco é a comodidade ao cliente”, afirma Bruna Falco, head de marketing da VendPerto, empresa que pretende abrir até 18 minimercados por mês em condomínios residenciais na cidade de São Paulo. A empresa opera hoje com 350 unidades e quer ampliar a base a partir de 2024. Para isso, pretende captar 20 milhões de reais no mercado. “Os honest markets evitam um deslocamento de última hora para aquisição de um item simples que inesperadamente não tem na prateleira de casa. O foco destes mercados é a comodidade e conveniência e não substituir os estabelecimentos maiores e com mais diversidade”, explica o engenheiro Daniel Diniz Sznelwar, especialista no setor imobiliário.
Apesar de a maior parte das lojas desse segmento serem instaladas em condomínios já existentes, muitas construtoras já reservam nas plantas dos empreendimentos espaços para as lojas. “Hoje nossa preocupação é de adequarmos o espaço para a instalação do minimercado em uma edificação existente, porém a parceria com grandes construtoras e incorporadoras que notaram no modelo de varejo de proximidade a conveniência e segurança oferecida aos moradores já prevêem um espaço dedicado nos novos empreendimentos. Isso facilita muito a instalação da solução e sem dúvidas resultará em uma expansão maior ainda do setor”, afirma Ana Paula Moraes sócia e diretora geral da Honest Market Brasil.
Segundo explica Renée Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano, focada em empreendimentos econômicos e de médio padrão, até há pouco tempo os espaços dos minimercados estavam previstos nas fachadas ativas, como são chamados os espaços em edifícios com as portas viradas para fora do empreendimento, rente às calçadas. Agora, a demanda mudou para dentro do empreendimento. “Virou uma obrigação assim como ter um salão de festas”, afirma Renée. Quem já adotou os minimercados nas suas plantas foi a Living, marca de médio alto padrão do Grupo Cyrela, segundo diz André Mesquita, gerente de negócios da empresa. Embora não sejam tão comuns, mas até em empreendimentos de luxo eles ganharam espaço. Um exemplo é o V3rso Jardins Tailored by Emiliano, que está sendo erguido na Alameda Santos, e colocará à disposição dos ocupantes das suas 252 unidades um minimercado. “O espaço conta com uma loja autônoma de autosserviço, com abastecimento e personalização, de acordo com uma inteligência de mercado, alinhada com a qualidade de duas grandes marcas do setor imobiliário e hoteleiro”, afirma Tatiana Muszkat, diretora Institucional da You,inc, responsável pelo empreendimento.