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Criada na Vila Matilde, Letícia Bufoni é a nova fera do skate mundial

Criada na Zona Leste, a paulistana de 25 anos virou referência no esporte e está de olho em uma vaga na Olimpíada de 2020, em Tóquio

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 5 abr 2019, 11h44 - Publicado em 5 abr 2019, 06h00

Aos 9 anos, a paulistana Letícia Bufoni começou a tomar gosto pelo skate quando deslizava pelas ruas da Vila Matilde, na Zona Leste da capital. Sempre acompanhada dos meninos do bairro, ela trocou a paixão pelo futebol por rodinhas. “Antes, sonhava em me tornar jogadora profissional”, lembra a moça, que chegou a ser selecionada em uma peneira para atuar no time feminino do Juventus, na Mooca.

Enquanto a mãe, a aposentada Claudete Bufoni, apoiou a ideia, o pai, o autônomo Jaime José da Silva, torceu o nariz para o novo hobby. “Ele via o esporte como coisa ‘de moleque’. Chegou a quebrar meu skate”, conta. A resistência durou pouco. Logo a menina passou a esbanjar talento, e não teve jeito de segurá-la. Hoje, aos 25 anos, ela figura no rol dos melhores skatistas do mundo e coleciona títulos importantes, como as três medalhas de ouro nos X Games, espécie de Olimpíada dos esportes radicais.

Aos 11 anos, Letícia iniciou sua participação em campeonatos. Consagrou-se vencedora em circuitos estaduais e nacionais. Aos 14, suas habilidades se mostraram suficientes para estrear nos X Games. Apesar do oitavo lugar na prova, abocanhou a oportunidade de fixar residência nos Estados Unidos, reduto das principais competições do skatismo, ao conseguir patrocínios por lá. A adaptação à nova rotina chegou aos poucos. “Nunca tinha ido até a esquina sozinha”, lembra ela, sob a responsabilidade de uma guardiã no exterior.

Com o troféu de segundo lugar: três ouros nos X Games (Pablo Vaz/Divulgação)

Doze anos depois, ela coleciona troféus. Em 2015, fez história ao levar a primeira edição feminina do Street League, o principal torneio mundial do street, modalidade que incorpora obstáculos em uma pista. O título apareceu em um momento oportuno. “Era criticada por participar de projetos fora do esporte”, diz. Com 1,60 metro e 50 quilos, a bela, que é vegana, virou referência no mundo fitness. Realizou ensaios sensuais para revistas como a americana Men’s Health e recheia com fotos do corpo enxuto seu Instagram, onde é seguida por mais de 2,3 milhões de pessoas — virou uma das personalidades femininas mais influentes do time de atletas da Nike nas redes sociais, de acordo com a plataforma de análise de patrocínios Hookit (em engajamentos, fica acima de figuronas do naipe da tenista Serena Williams). Além disso, é amiga de outros membros da elite esportiva brasileira, como o surfista Gabriel Medina e o jogador de futebol Neymar. Em 2015, ganhou um reality show no canal pago Off, o Leticia Let’s Go, que acompanha seu dia a dia e está na terceira temporada. “O skate nunca ficou em segundo plano na minha vida”, garante.

Em janeiro, no campeonato Street League, no Rio (Pablo Vaz/Divulgação)

Com todo o sucesso, um de seus orgulhos consiste em ser uma referência para que outras garotas pratiquem o esporte, até pouco tempo atrás marcado apenas por ídolos homens. “Fico muito feliz quando conheço meninas que começaram a andar de skate por minha causa”, comemora. Apesar da casa em Los Angeles, onde mora desde a adolescência, passa mais tempo viajando. Volta periodicamente para São Paulo, onde a família tem casa, no Tatuapé. Gosta de passear pelo litoral, em cidades como Guarujá. Embora seja jovem, a idade da atleta começa a pesar devido à atividade de alto impacto. Atualmente, para cada três dias de treino, ela precisa descansar dois. Depois de conquistar títulos nos principais torneios da área, Letícia quer mais: participar da Olimpíada de Tóquio em 2020, quando o skate estreia na competição. A resposta só vem em junho do ano que vem: “Só vou sossegar quando ouvir a notícia de que vou competir”.

Visita à casa dos pais, no Tatuapé: ela mora em Los Angeles (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Corintiana e “tiazinha”

O que gosta de ouvir? > Sou bem eclética. Se vou treinar, escolho trap para me concentrar. Ouço artistas como Drake, Fetty Wap e Post Malone.

Time do coração > Torço desde pequena para o Corinthians, assim como toda a minha família.

É fã de séries? > Sou muito tiazinha. Quando viajo, prefiro ficar no hotel, pedir comida e assistir à Netflix. Estou na segunda temporada de The Sinner.

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Está namorando? > Estou solteira. Pode divulgar essa informação (risos)!

Qual o seu filme favorito? > Adoro Finalmente 18 (2013; de Jon Lucas e Scott Moore).

Onde aprendeu a andar de skate? > Quando eu era criança, havia uma pista da Central Surf no Shopping Aricanduva, na Zona Leste.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 10 de abril de 2019, edição nº 2629.

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