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São Paulo tem mais de 1500 terrenos contaminados

Só a capital e a Região Metropolitana respondem por quase 70% da poluição do solo no estado. Professores da USP Leste fazem greve contra contaminação

Por Juliana Deodoro e Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 15h40 - Publicado em 11 set 2013, 14h17

A capital tem 1 573 terrenos contaminados por gases tóxicos, resíduos químicos e detritos industriais que podem fazer mal à saúde. Somados às outras 1 646 áreas contaminadas no restante da Região Metropolitana, a Grande São Paulo responde por 69% da poluição do solo em todo o estado. Os dados são da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) referentes ao último relatório sobre o tema, de 2012. A quantidade de áreas contaminadas aumentou 10% em relação ao ano anterior. 

O assunto voltou à tona após professores da USP Leste decretarem greve depois de a Cetesb constatar a contaminação por gás metano do solo da universidade. Em 2 de agosto, a companhia autuou a USP alegando que o solo é “prejudicial à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade”. Mesmo com os problemas no terreno, a entidade emitiu no ano passado a licença de instalação que permite o funcionamento do campus. A greve afeta cerca de 4 000 alunos em dez cursos. 

Os professores da USP Leste já vinham acompanhando os laudos da Cetesb desde o ano passado e, segundo a professora Adriana Tufaile, dos cursos de Ciências da Natureza e Gestão Ambiental, a gota d’água foi a instalação de uma placa que interdita uma área. “Temos três reivindicações: por um ambiente sadio de trabalho, por mais informações e acesso a laudos e documentos e pela apuração das responsabilidades”, afirma.

De acordo com ela, o aterro foi feito irregularmente em local de proteção ambiental. “Esse aterro foi realizado em troca de um serviço de terraplanagem sem contrato, sem licitação e, junto com a terra contaminada, veio lixo e entulho de construção civil.” Tufaile diz que os docentes só voltarão ao trabalho depois de terem seus pedidos acatados.

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Segundo a universidade, a USP Leste foi construída em “área ambientalmente problemática”, ou seja, a instituição sabia que o local era área de lixão, com resíduos orgânicos retirados do Rio Tietê. Afirmou, entretanto, que “dentre as opções possíveis à época de sua instalação, esta se mostrou a mais adequada”. Para tentar remediar o problema, contratará uma empresa particular para analisar e monitorar o gás metano e, posteriormente, realizar a descontaminação gradual. “As exigências estão sendo cumpridas na medida do possível, levando em consideração os mecanismos de contratação de serviços por meio de processos licitatórios”, diz em nota a USP. 

Para o pneumologista Nelson da Cruz Gouveia, professor de Medicina da USP e especialista em saúde ambiental e contaminação química, o risco à saúde em casos como esse varia de acordo com o agente contaminante. “Há situações, por exemplo, onde a contaminação afeta áreas subterrâneas e chega a lençóis freáticos e a poços artesianos, por isso não é recomendável beber a água do lugar. Uma pessoa também pode ter problemas respiratórios ao inalar poeira contaminada”, diz. Gouveia atribui a grande quantidade de terrenos poluídos à própria urbanização da cidade. “É uma consequência da industrialização, mas existem maneiras de remediar e impedir o risco à população.”

Outros casos

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De residenciais de luxo a shoppings, a Cetesb já detectou contaminação do solo de vários empreendimentos na Região Metropolitana. O caso polêmico mais recente foi o do Shopping Center Norte, contaminado também por gás metano, como na USP Leste. Em 2011, a prefeitura chegou a fechar o centro de compras por dois dias. 

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