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Entenda por que três a cada cinco paulistanos gostariam de se mudar

O estudo 'Viver em São Paulo: Qualidade de Vida', da Rede Nossa São Paulo, mostra alta na tendência de pessoas que deixariam a cidade

Por Mattheus Goto
Atualizado em 28 Maio 2024, 09h08 - Publicado em 3 fev 2023, 06h00
Imagem mostra saguão de aeroporto com diversas pessoas
Outro rumo: estudo aponta tendência de querer sair. (Erlon Silva — Tri Digital/Getty Images)
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No começo de 2021, a empresária Gabriela Almeida Ruegger Cardoso, 39, estava insatisfeita com a rotina em São Paulo. Casada e mãe de dois filhos, teve a ideia de se mudar para Campinas, para uma casa maior e com mais segurança.

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O modelo híbrido do seu trabalho permitiu que a mudança ocorresse em junho do mesmo ano. Agora, realizada, ela vem apenas duas vezes na semana. “Compensa muito mais”, conta.

Gabriela atua como diretora de comunicação da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida) e acompanha de perto as tendências de comportamento. “A pandemia despertou uma busca por equilíbrio e bem-estar. Para muitas pessoas, isso significa sair dos grandes centros urbanos.”

Essa realidade é demonstrada pela nova edição da pesquisa Viver em São Paulo: Qualidade de Vida, divulgada no dia 24 pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica).

O estudo aponta para uma tendência de alta no número de pessoas que se mudariam da cidade se pudessem — 61% em 2022, um aumento de 4 pontos porcentuais em comparação ao ano anterior (a margem de erro é de 3 pontos porcentuais).

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O porcentual é maior na faixa etária entre 35 e 44 anos (70%) e entre os que residem na Zona Leste (69%). Para obter o resultado, foram entrevistadas 800 pessoas com mais de 16 anos em dezembro de 2022.

“A leitura mais objetiva que pode ser feita é que a cidade, supostamente de oportunidades, apresenta aos moradores dificuldades maiores do que os benefícios”, diz Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo. Essas dificuldades incluem, segundo ele, questões de mobilidade, infraestrutura, segurança e serviços de saúde, educação, cultura e lazer.

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“A maioria das pessoas mora hoje na periferia, onde não há o mesmo grau de infraestrutura, ofertas e condições de quem vive no Centro Expandido. Isso gera uma necessidade de deslocamento. São Paulo mostra essa contradição com clareza (na cidade, a média de deslocamento é de duas horas e meia, de acordo com outra pesquisa da Rede)”, explica. “São Paulo vende a ideia de ser um eldorado das oportunidades, porque é a cidade mais rica do país, mas só quem está aqui dentro faz uma análise melhor das condições e coloca na balança.”

O motivo para permanecer é, claro, “a sobrevivência”. Para Abrahão, o primeiro passo para resolver esse problema seria reduzir a desigualdade e investir na periferia. “A combinação de crescimento pessoal (oportunidades de trabalho e estudo) com ampliação da visão de mundo (cultura e lazer) é a resposta”.

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Publicado em VEJA São Paulo de 8 de fevereiro de 2023, edição nº 2827

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