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Ruth Cardoso: a biografia de uma dama

Da infância em Araraquara ao Palácio da Alvorada, ao lado do marido, Fernando Henrique Cardoso, a trajetória da antropóloga é lembrada num perfil assinado por uma de suas pupilas

Por Alvaro Leme
Atualizado em 5 dez 2016, 19h33 - Publicado em 18 set 2009, 20h26

Ela ficou conhecida nacionalmente devido ao título de primeira-dama que sempre detestou. Mas são muitas outras, e bem mais interessantes, as facetas de Ruth Cardoso. Assim se percebe ao fim das 208 páginas de Livro de Ruth (Imprensa Oficial; 50 reais), biografia assinada por uma de suas ex-alunas, Margarida Cintra Gordinho, que por oito anos trabalhou com ela. “Quis fazer um perfil afetivo”, diz a autora, que começou a se dedicar ao projeto em setembro do ano passado. Entrevistou 57 pessoas de diversos círculos sociais da antropóloga (familiares, amigos, ex-alunos e funcionários, por exemplo) para contar sua trajetória, de Araraquara, no interior do estado, ao Palácio da Alvorada. “Senti uma emoção muito grande ao ler o texto, ainda na primeira versão”, diz o marido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem permaneceu de 1953 até sua morte, vítima de um infarto fulminante, em junho de 2008. “Hoje não me casaria novamente”, afirma ele. E existem pretendentes? “Se sou assediado, não percebo. Ou finjo que não. Mas, aos 78 anos, seria difícil dividir minha vida e meu espaço com outra pessoa.”

Mãe carinhosa e cozinheira prendada – uma sopa de mandioquinha servida aos escritores Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir é ainda hoje lembrada pelos amigos como deliciosa –, Ruth Vilaça Corrêa Leite teria se destacado como pensadora mesmo que seu marido jamais tivesse subido a rampa do Palácio do Planalto para governar o país. Odiava quando era chamada de “dona”. Passou em primeiro lugar no vestibular para a Universidade de São Paulo, onde cursou ciências sociais, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. “Eu fiquei em segundo”, lembra Fernando Henrique. Os dois se conheceram quando eram estudantes. Naquela época Ruth morava num pensionato de freiras, na Pompeia. “Aproveitávamos a espera pelo ônibus dela, no Anhangabaú, para namorar”, diz FHC. Detalhes como esse dão sabor especial ao livro, ilustrado com 61 fotos, a maioria de acervo familiar, como as que estampam esta página.

As diferentes facetas de São Paulo aparecem na história do casal. É o caso, por exemplo, do trecho que narra sua passagem pelo colégio Des Oiseaux, reduto das moças de boa família na Rua Caio Prado, no qual ela ingressou em 1945, aos 15 anos. Seu enxoval de noiva foi comprado numa loja da Rua 25 de Março – o dono era seu conterrâneo. Também curioso é conhecer histórias de lugares frequentados pelos Cardoso, como o Bar Pirandello, na Rua Augusta. Ali, em 1985, Ruth promoveu um leilão de arte destinado a financiar a campanha de Fernando Henrique, candidato do PMDB à prefeitura – que ele acabaria perdendo para Jânio Quadros. Recordações de momentos como aquele devem dar a tônica da noite de autógrafos, marcada para o próximo dia 18, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

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