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A revitalização da Rua Paim, na Bela Vista

Associada há anos com tráfico e prostituição, a via está com novos prédios e teve redução nos casos de violência

Por Mariana Zylberkan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 mar 2017, 19h09

Até cinco anos atrás, os 400 metros da Rua Paim, na Bela Vista, serviam apenas como passagem para a Avenida Nove de Julho. E o bom-senso aconselhava caminhar rápido pelo tradicional reduto de prostituição e tráfico de drogas, célebre pelos assaltos e casos de violência. Nos últimos tempos, porém, o cenário mudou bastante.

Cortiços e sobrados degradados começaram a ceder espaço a prédios residenciais modernos, em um processo de revitalização puxado pelo renascimento imobiliário da região central. Diante da saturação de novos terrenos na famosa Rua Frei Caneca, a oferta das construtoras transbordou para a via vizinha.

Desde 2009, o acanhado trecho recebeu sete novos empreendimentos, totalizando cerca de 1 200 apartamentos, a maioria de um dormitório. O canteiro de obras mais recente é o do edifício Urbe, na altura do número 189, que acaba de ser lançado e tem entrega prevista para março do ano que vem. As 180 unidades de 36 metros quadrados estão sendo negociadas por 350 000 reais em média.

Margo Mattos, moradora do edifício MaxHaus Paulista rua Paim (Foto: Antonio Milena) (Antonio Milena/Veja SP)

Isso significa 10 000 reais pelo metro quadrado, valor semelhante ao cobrado em bairros badalados como Brooklin, na Zona Sul. Até o momento, 108 apartamentos foram comercializados. Perto dali, no número 363, o condomínio NKSP Paulista, finalizado há pouco mais de um ano, oferece unidades de até 62 metros quadrados por preços que chegam a 630 000 reais.

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Pioneiro da “nova Paim”, o Jardim Paulista, no número 296, surgiu em 2009 e teve suas 256 unidades vendidas em apenas duas horas. “No início ficamos preocupados por investir em um local esquecido, mas apostamos e fomos bem-sucedidos”, diz o empresário Marcos França, diretor da Requadra, responsável pela empreitada.

Nos anos seguintes, a empresa também lançou o condomínio Terraço Paulista e participou da construção do MaxHaus Paulista, com unidades vendidas a até 800 000 reais. Os atuais valores cobrados na rua — altos se comparados ao máximo de 100 000 reais praticados por ali em um passado nem tão longínquo — podem ser explicados pelo perfil do novo morador atraído ao local.

Badalado condomínio MaxHaus Paulista: unidades vendidas por até 800 000 reais (Foto: Antonio Milena) (Antonio Milena/Veja SP)

São solteiros e jovens casais de classe média, mais interessados na facilidade de deslocamento e na proximidade de estações de metrô e terminais de ônibus do que na fartura de metros quadrados. A Paim, inclusive, deverá ganhar um acesso à Estação 14 Bis, da Linha 6-Laranja do metrô, sem prazo de entrega. “Gosto daqui porque é um bairro em que posso fazer tudo a pé”, afirma a estudante Margo Mattos, que se mudou para o endereço há seis meses.

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Na esteira da chegada desse público, ocorreu uma redução nos índices de violência. No ano passado, uma ação conjunta das polícias Civil e Militar prendeu vinte criminosos de uma quadrilha que atuava na área. “As ocorrências de tráfico e roubo eram diárias”, diz o delegado Severino Vasconcelos, do 78º DP. “Hoje é raro autuarmos alguém em flagrante.”

Finalizado em 1962, com 276 apartamentos, o Edifício Demoiselle era a “cara” da velha Paim. Até 2016, seu 1º andar era tomado por traficantes que negociavam pedras de crack pelos corredores e em cerca de quarenta apartamentos invadidos. Em decorrência da drástica alteração no entorno, ele tem passado por uma extensa reforma.

A fachada está recebendo revestimento de pastilhas, os doze andares ganharam a proteção de vinte câmeras de vigilância e até o fim do ano será finalizada a pintura das paredes internas. Hoje, uma unidade chega a ser vendida por 170 000 reais, o triplo do preço de cinco anos atrás. “Ou o prédio era arrumado ou teria de ser posto abaixo”, resume o síndico, Zaldeir Braga.

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