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A revitalização da Rua Paim, na Bela Vista

Associada há anos com tráfico e prostituição, a via está com novos prédios e teve redução nos casos de violência

Por Mariana Zylberkan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 mar 2017, 19h09
O Edifício Demoiselle, o mais famoso “treme-treme” da área, finalizado em 1962: revestimento de pastilhas na fachada e pintura dos corredores (Antonio Milena/Veja SP)
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Até cinco anos atrás, os 400 metros da Rua Paim, na Bela Vista, serviam apenas como passagem para a Avenida Nove de Julho. E o bom-senso aconselhava caminhar rápido pelo tradicional reduto de prostituição e tráfico de drogas, célebre pelos assaltos e casos de violência. Nos últimos tempos, porém, o cenário mudou bastante.

Cortiços e sobrados degradados começaram a ceder espaço a prédios residenciais modernos, em um processo de revitalização puxado pelo renascimento imobiliário da região central. Diante da saturação de novos terrenos na famosa Rua Frei Caneca, a oferta das construtoras transbordou para a via vizinha.

Desde 2009, o acanhado trecho recebeu sete novos empreendimentos, totalizando cerca de 1 200 apartamentos, a maioria de um dormitório. O canteiro de obras mais recente é o do edifício Urbe, na altura do número 189, que acaba de ser lançado e tem entrega prevista para março do ano que vem. As 180 unidades de 36 metros quadrados estão sendo negociadas por 350 000 reais em média.

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Margo Mattos, moradora do edifício MaxHaus Paulista rua Paim (Foto: Antonio Milena) (Antonio Milena/Veja SP)

Isso significa 10 000 reais pelo metro quadrado, valor semelhante ao cobrado em bairros badalados como Brooklin, na Zona Sul. Até o momento, 108 apartamentos foram comercializados. Perto dali, no número 363, o condomínio NKSP Paulista, finalizado há pouco mais de um ano, oferece unidades de até 62 metros quadrados por preços que chegam a 630 000 reais.

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Pioneiro da “nova Paim”, o Jardim Paulista, no número 296, surgiu em 2009 e teve suas 256 unidades vendidas em apenas duas horas. “No início ficamos preocupados por investir em um local esquecido, mas apostamos e fomos bem-sucedidos”, diz o empresário Marcos França, diretor da Requadra, responsável pela empreitada.

Nos anos seguintes, a empresa também lançou o condomínio Terraço Paulista e participou da construção do MaxHaus Paulista, com unidades vendidas a até 800 000 reais. Os atuais valores cobrados na rua — altos se comparados ao máximo de 100 000 reais praticados por ali em um passado nem tão longínquo — podem ser explicados pelo perfil do novo morador atraído ao local.

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Badalado condomínio MaxHaus Paulista: unidades vendidas por até 800 000 reais (Foto: Antonio Milena) (Antonio Milena/Veja SP)

São solteiros e jovens casais de classe média, mais interessados na facilidade de deslocamento e na proximidade de estações de metrô e terminais de ônibus do que na fartura de metros quadrados. A Paim, inclusive, deverá ganhar um acesso à Estação 14 Bis, da Linha 6-Laranja do metrô, sem prazo de entrega. “Gosto daqui porque é um bairro em que posso fazer tudo a pé”, afirma a estudante Margo Mattos, que se mudou para o endereço há seis meses.

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Na esteira da chegada desse público, ocorreu uma redução nos índices de violência. No ano passado, uma ação conjunta das polícias Civil e Militar prendeu vinte criminosos de uma quadrilha que atuava na área. “As ocorrências de tráfico e roubo eram diárias”, diz o delegado Severino Vasconcelos, do 78º DP. “Hoje é raro autuarmos alguém em flagrante.”

Finalizado em 1962, com 276 apartamentos, o Edifício Demoiselle era a “cara” da velha Paim. Até 2016, seu 1º andar era tomado por traficantes que negociavam pedras de crack pelos corredores e em cerca de quarenta apartamentos invadidos. Em decorrência da drástica alteração no entorno, ele tem passado por uma extensa reforma.

A fachada está recebendo revestimento de pastilhas, os doze andares ganharam a proteção de vinte câmeras de vigilância e até o fim do ano será finalizada a pintura das paredes internas. Hoje, uma unidade chega a ser vendida por 170 000 reais, o triplo do preço de cinco anos atrás. “Ou o prédio era arrumado ou teria de ser posto abaixo”, resume o síndico, Zaldeir Braga.

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