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Rolezinhos voltam a ocupar parque e shoppings da cidade

No último domingo (12), no Ibirapuera, quatro meninas foram hospitalizadas em coma alcoólico e 750 litros de bebidas foram apreendidos

Por Adriana Farias
Atualizado em 14 mar 2017, 12h23 - Publicado em 13 mar 2017, 20h04

Os encontros de jovens da periferia chamados de rolezinhos voltaram a ocupar o Parque do Ibirapuera e os shoppings centers da capital, sem o apoio da prefeitura, desde o começo do ano.

Nesse período, ocorreram mais de cinco eventos no parque, reunindo de 5 000 a 20 000 pessoas nos fins de semana. Nos shoppings, foram ao menos quinze, entre eles Aricanduva, Bonsucesso, Tatuapé e Internacional Shopping Guarulhos, aglomerando de 1500 a 2000 pessoas. Outros dez eventos estão programados para acontecer nos próximos fins de semana no Ibirapuera, no Parque do Carmo e nos shoppings Aricanduva, Anália Franco, Metrô Itaquera e Tatuapé.

Multidão na marquise do Ibirapuera no domingo (12): quatro adolescentes em coma alcoólico (Veja SP/Veja SP)

 

No último domingo (12), a cena que se via na marquise do Ibirapuera era de muito consumo de drogas e bebidas, sobretudo por crianças e adolescentes. Quatro meninas entre 12, 13 e 16 anos de idade saíram de ambulância do local, pois tiveram coma alcoólico. Elas foram encaminhadas para o Hospital São Paulo. Duas foram liberadas no próprio domingo e outras duas somente na manhã desta segunda-feira. Outros dezesseis jovens também passaram mal e obtiveram atendimento médico.

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As secretarias municipais de Direitos Humanos e Cidadania, de Gestão, do Verde e Meio Ambiente, da Segurança Urbana e a Prefeitura Regional de Vila Mariana realizaram uma ação conjunta no local no domingo, como uma forma de tentar controlar a festa. Foram apreendidos 750 litros de bebidas alcoólicas, narguilês e sachês de drinques alcoólicos.

“O que eu vi ali foi tocante. Várias meninas vomitando e desmaiando. A gente quer que esses jovens sejam bem-vindos ao parque, mas não dessa maneira, ameaçando suas próprias vidas”, afirma Patricia Bezerra, secretaria de Direitos Humanos. A força-tarefa foi realizada após diversas reclamações de frequentadores da área. “A situação havia saído do controle, mas com essa ação conjunta estamos contornando a situação”, diz Heraldo Guiaro, diretor da divisão de administração do parque, que vem recolhendo as queixas. Novas medidas do tipo envolvendo a união de secretarias serão realizadas nos próximos fins de semana.

Rolezinho que ocorreu na virada do ano no Shopping Itaquera: entre 1 500 e 2 000 pessoas (Veja SP/Veja SP)

De março de 2014 a junho de 2016, essas reuniões ocorriam com apoio da prefeitura, dentro dos projetos Rolezinhos da Cidadania e Funk SP – esse último, com a finalidade de acabar com os pancadões na cidade. Ambos aconteciam de forma organizada e estruturada, com hora para começar e terminar, além da contratação de seguranças, proibição de bebidas a menores e campanhas de prevenção às drogas e doenças sexualmente transmissíveis. Não só o Ibirapuera era contemplado, mas também várias regiões da cidade, como Cachoeirinha, Guaianases, Penha, Jaraguá e Parelheiros. Na época, eram contratados artistas da comunidade local e também de renome justamente para oferecer maiores oportunidades de lazer e cultura.

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Em 2015, o órgão gastou 4,5 milhões de reais com o programa, em 2016 foram 2,5 milhões. E, no fim do ano passado, a prefeitura informou que não dispunha mais de verba para dar continuidade aos projetos.

“Com o fim dos programas, a gente ficou segurando a molecada até o limite, mas não conseguimos mais e os rolezinhos não-oficiais, com consumo de álcool e drogas, passaram a tomar a cidade novamente”, alerta Darlan Mendes, presidente da Associação Rolezinho A Voz do Brasil. “Já fizemos dezenas de reuniões com a prefeitura, tanto na gestão anterior quanto a nova, mas em vão”.

Segundo a coordenadora geral do Funk SP, Lilian Lima, os bailes funks não oficiais também voltaram a dominar a capital. Nos últimos fins semana tiveram pancadões nas zonas Oeste, Norte e Sul, em bairros como Cidade Tiradentes, Cidade Ademar e Jabaquara. “Precisamos voltar a ter o apoio da prefeitura, porque além de tudo esses eventos movimentavam o comércio local, com vendedores de água, comida e refrigerantes, com moradores da comunidade ganhando dinheiro de forma honesta”, explica Lilian.

A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania informou que está em negociação com a Secretaria de Cultura para a retomada dos projetos. “Queremos também introduzir aos eventos outras formas de canalizar essa juventude, como paredes de escalada, slackline, além de saraus e promoção de rodas de conversas”, conclui Bezerra.

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