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RIO: “guardiões do Crivella” são pagos para intimidar jornalistas

Funcionário públicos recebem salários para marcar ponto na porta dos hospitais e atrapalhar entrevistas, de acordo com reportagem

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 set 2020, 14h51 - Publicado em 1 set 2020, 14h48
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro (Tânia Rego/ Agência Brasil/Divulgação)
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A prefeitura do Rio de Janeiro mantém um esquema com funcionários públicos que fazem plantões na porta de hospitais da cidade para atrapalhar reportagens e intimidar cidadãos que realizam denúncias contra o sistema de saúde municipal. As informações são da TV Globo, reveladas no telejornal RJ2 na segunda-feira (31).

De acordo com a reportagem, as constantes interrupções nas gravações e entradas ao vivo da Globo que ocorriam na frente de instituições de saúde eram provocadas por servidores públicos que são remunerados para a ação. Os agressores recebem salários e marcam ponto na porta de hospitais e clínicas com o objetivo de atrapalhar o trabalho jornalístico.

Um deles seria José Robério Vicente Adeliano, nomeado para “cargo especial” em novembro de 2018, com salário de 3 229 reais. Outro é Ricardo Barbosa de Miranda, “assistente 3”, admitido em junho de 2018, com salário de 3 422 reais. O caso ficou conhecido como “Guardiões do Crivella” por conta do nome de um dos grupos de WhatsApp por onde os funcionários se comunicavam, em referência ao prefeito da cidade carioca, Marcelo Crivella.

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A reportagem afirma que os agressores têm escalas de trabalho e marcam ponto ao chegar aos hospitais, mandando uma selfie por meio dos grupos de mensagens: eles trabalham em dupla ou sozinhos. No dia 27 de agosto, outros dois homens estavam na “escala” no Hospital Municipal Rocha Faria, no bairro do Campo Grande, no Rio: Marcelo Dias Ferreira, que tem salário bruto de 2 788 reais, e Luiz Carlos Joaquim da Silva, com salário de 4 195 reais.

Um dos contratados da prefeitura deu um depoimento anônimo para a Globo e revelou detalhes sobre o caso. “O sistema todo é chefiado pelo doutor Marco Luciano. Doutor Marco Luciano é um amigo do Crivella. É o chefão geral, tá? Não sei se ele é parente, se é da Igreja Universal, não sei, não, mas sei que ele é muito chegado. É uma pessoa de extrema confiança do prefeito Crivella”.

Marcos Luciano é assessor especial do gabinete do prefeito e tem salário de 10 500 reais. A prefeitura do Rio de Janeiro não negou a existências dos grupos de WhatsApp e afirmou que “reforçou o atendimento em unidades de saúde municipais no sentido de melhor informar à população e evitar riscos à saúde pública, como, por exemplo, quando uma parte da imprensa veiculou que um hospital (no caso, o Albert Schweitzer) estava fechado, mas a unidade estava aberta para atendimento a quem precisava. A Prefeitura destaca que uma falsa informação pode levar pessoas necessitadas a não buscarem o tratamento onde ele é oferecido, causando riscos à saúde”.

Mandados

Nesta terça-feira (1º), a Polícia Civil cumpriu mandatos para investigar o suposto esquema. As ações foram apelidadas de Operação Freedom e cumpriram busca e apreensão domiciliar e os suspeitos foram conduzidos para prestarem depoimentos. Eles podem responder por associação criminosa e atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública. Crivella é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pelo suposto esquema.

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