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Recreadora de festas infantis se reinventa e passa a atender on-line

Há 20 anos no ramo, Thaís Cury, 35, realiza uma farra completa com os aniversariantes por meio de chamadas de vídeo em tempos de coronavírus

Por Fernanda Campos Almeida
28 ago 2020, 06h00

Transformar chamadas de vídeo em festas divertidas para crianças durante a pandemia garantiu o trabalho de Taís Cury, 35, depois de ter todos os eventos cancelados em março deste ano. Recreadora há vinte anos, ela fundou, em 2015, a microempresa Anjos da Guarda (@anjosdaguardaonline), que reúne cinquenta animadores freelancers. Com a paralisação do mercado de recreação, criou com outros animadores o projeto Maratona Recreativa, no qual empresários do ramo de entretenimento ensinam recreadores a se reinventar no mundo digital. “Nosso objetivo sempre foi afastar a criança da tecnologia e ir para a quadra. Tive de me adaptar às atividades por chamada de vídeo”, conta Taís, que se apresenta como Táta Batata nas comemorações infantis.

Com a suspensão das aulas presenciais escolares, Taís foi requisitada para passar tempo com as crianças on-line enquanto os pais estavam em reunião durante o home office. Depois, outros pedidos surgiram quando os pequenos completavam mais um ano de vida na quarentena. Em maio a demanda virou negócio e ela começou a vender festas de aniversário e recreações pela plataforma Zoom.

Taís adaptou vinte atividades para o formato digital, como o jogo Boia ou Afunda?, em que os participantes devem adivinhar quais objetos flutuam ou atingem o fundo do acrílico com água no cenário de Táta Batata. Na festa virtual, ela também cria convites digitais, recepciona os convidados, exibe vídeo de retrospectiva do aniversariante e canta Parabéns. O serviço, que dura uma hora e meia, é feito para crianças a partir de 5 anos e conta com dois recreadores — Táta e outro profissional da Anjos da Guarda. Também pode ser bilíngue, em inglês ou espanhol, se houver convidados estrangeiros.

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Cada festa é personalizada com três a quatro dias de antecedência. A animadora entra em contato com a família para entender a personalidade e os gostos da criança e explicar quais jogos são adequados para a idade. Ficam de fora brincadeiras que assustam ou constrangem. “Recreação é um trabalho sério porque tudo o que é feito na primeira infância reverbera na vida adulta”, defende Taís.

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A festa de aniversário sai por 30 reais por conexão, ou seja, por computador conectado ao Zoom, não pelo número de pessoas. Compensa optar pelo pacote de 420 reais, com vinte conexões (quantidade ideal para que a recreadora não deixe ninguém de fora nas atividades), mais a do aniversariante, que é cortesia. Cada device extra custa 18 reais nesse caso. Para o cliente e os convidados, há também a opção da caixa de guloseimas com um pequeno bolo (parceria com a @dandhara-gourmeteria), velinha para assoprar junto, suco de laranja, pacote de batatinhas e lousinha magnética, usada no jogo de perguntas e respostas sobre o aniversariante, por 85 reais. O último item pode ser comprado à parte, por 35 reais. Tudo é higienizado com álcool 70% antes de ser enviado. O cliente pode levar pessoalmente os kits ou, se negociado, a própria recreadora faz o delivery na capital paulista.

Kit aniversário: caixa com comidinhas e lousa magnética, por 85 reais (Rogério Pallatta/Veja SP)

Completam o cardápio de atividades a recreação semanal, feita para grupos pequenos ou escolares, e encontros individuais, geralmente para filho único, programados três vezes na semana, por 30 reais cada evento. As sessões, que duram uma hora, são feitas com jogos educativos, dança e ginástica. As chamadas de vídeos são gravadas para os responsáveis que não podem participar ver depois. Para incluir receitas culinárias na farra, é imprescindível o acompanhamento dos pais. “Conversei com psicólogos para formular as atividades. É uma oportunidade para as crianças desabafarem o que sentem neste momento de crise”, explica Taís.

Por fazer desde o atendimento até a entrega dos kits, Taís consegue cobrar preços mais baixos. O maior gasto é com os recreadores parceiros, que cobram de 50 a 80 reais por hora, valor acima do piso salarial de festas presenciais, de 150 reais por quatro horas. Pelas suas contas, o valor de um festa on-line completa equivale ao que era pago pela contratação de apenas um recreador presencial.

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Quem experimenta a programação aprova. “Estava preocupada com minha filha por causa da privação de convivência com outras crianças. Participamos da recreação com outras cinco filhas e mães. Vejo que ela fica mais feliz depois da brincadeira”, conta Janice Iamamoto, 43, sobre Letícia, 10. “Não acredito que a recreação on-line vai morrer depois da pandemia”, prevê Taís, que está recebendo convites para recrear crianças internadas em hospitais de São Paulo e também adultos que têm se reunido em eventos virtuais.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 2 de setembro de 2020, edição nº 2702.  

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