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Quem é Laerte Codonho, dono da Dolly, que foi preso nesta quinta (10)

Briga com a Coca-Cola, dívida bilionária, imbróglios com a Justiça e acervo de Ferrari e helicópteros

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 Maio 2018, 19h34 - Publicado em 10 Maio 2018, 18h48

Morador de uma mansão na Granja Viana, em Cotia, o dono da fábrica dos refrigerantes Dolly, Laerte Codonho, foi preso temporariamente na manhã desta quinta-feira (10) por suspeita de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Durante a ação do GEDEC – braço do Ministério Público que tem como função a repressão aos delitos contra a ordem econômica –, acabaram apreendidos três helicópteros, treze carros de luxo (entre eles uma Ferrari), dinheiro (4 000 libras e 4 000 euros) e documentos. Também foi autorizada pela 4ª Vara Criminal de São Bernardo a quebra do sigilo fiscal e bancário do executivo. O dinheiro desviado de impostos é estimado em 4 bilhões de reais. De acordo com as investigações, as fraudes ocorriam desde 1990.

A defesa do empresário disse que a prisão é injusta e vai recorrer: “Laerte Codonho sempre colaborou com as autoridades, e tem certeza que provará sua inocência.” Também foram detidosJulio Cesar Requena Mazzi, apontado como braço financeiro da empresa, e o ex-contador Rogério Raucci. 

Não foi a primeira vez que o empreendedor se envolveu em investigações relacionadas a fraudes fiscais. No ano passado, foi alvo da Operação Clone, da Secretaria da Fazenda de São Paulo, por suspeita de inadimplência fraudulenta do ICMS, embaraço de fiscalização e organização de fraude fiscal estruturada. O tamanho da dívida chegava a 2 bilhões de reais.

Na ocasião, a empresa negou o crime e explicou que foi “vítima de seu escritório contábil, que durante anos, omitiu do Fisco esses dados provocando um desfalque milionário com falsificação de sentenças, fraude de guias e documentais”.

Helicóptero de Codonho apreendido pela polícia (Divulgação / MPSP/Veja SP)

O seu nome também aparece nos Panama Papers, documentos vazados de empresas em paraísos fiscais, segundo o blog do jornalista Fernando Rodrigues.

No meio político, é próximo de Celso Russomanno e foi o principal doador na campanha eleitoral de 2010, quando o então deputado disputou o governo paulista. Segundo reportagem do Estado de São Paulo, Codonho cedeu 250 000 reais, por meio da empresa Tholor do Brasil. O empresário também patrocinou o Programa Celso Russomanno, exibido pela TV Gazeta entre 2006 e 2008, com a marca Guaraná Dolly.

A empresa

Codonho criou um império do refrigerante nacional. A marca, que ganhou as graças das redes sociais com a mascote Dollynho, foi idealizada por ele em 1987, aos 27 anos. Na época, vendia o Diet Dolly, primeiro refrigerante dietético lançado no mercado brasileiro, nos sabores limão e guaraná. Em 1994, a bandeira começou a comercializar também a bebida açucarada nos sabores guaraná, limão, uva, laranja e cola. A sede da empresa fica na Avenida Paranapanema, em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.

Hoje, concorre com gigantes como Coca-Cola, a quem nutre uma desavença iniciada em 2003. Nesse ano, Codonho pediu abertura de um inquérito ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em posse de uma gravação em vídeo de trinta horas de um ex-funcionário de uma engarrafadora da Coca-Cola que revelou um suposto plano para “tirar” a Dolly do mercado.

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Isso seria feito pressionando fabricantes, com prática de preços predatórios e abuso de poder econômico. O ex-funcionário também disse que Coca-Cola deixou de pagar impostos ao governo paulista. Na época, a Coca-Cola negou a acusação de concorrência desleal e revidou os ataques, segundo reportagem da revista EXAME, dizendo que o executivo também deixou de honrar pagamentos de ICMS.

Nesta quinta-feira (10), enquanto era encaminhado ao 77° Distrito Policial de Santa Cecília, Codonho exibiu um cartaz escrito “preso pela Coca-Cola”, motivado pela rixa. Procurada por VEJA SÃO PAULO para comentar sobre o cartaz, a Coca-Cola disse que “não comenta processos judiciais em que não esteja envolvida”.

Codonho, ao ser preso, com um cartaz contra a Coca-Cola (Marcelo Gonçalves / Sigmapress / Estadão Conteúdo/Veja SP)
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