Publicitário é espancado por trio na Frei Caneca
Na manhã seguinte, a vítima registrou o boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial da Consolação e passou por exame de corpo de delito
Três homens espancaram um publicitário de 31 anos na noite de segunda-feira (26), na Rua Frei Caneca, símbolo da comunidade LGBT, no centro de São Paulo. Atingida por socos e pontapés no rosto, nas costas e na região da barriga, a vítima sofreu escoriações e fraturou o nariz. A Polícia Civil tenta identificar os autores do crime.
Por volta das 23h10, o rapaz saiu da casa de um amigo, percebeu que estava sendo seguido e parou na altura do número 250, segundo conta. “Corri para um prédio mais iluminado para fazer hora e esperar a pessoa passar. A Frei Caneca é muito escura”, disse à reportagem. Quando fingia que estava amarrando o cadarço um dos agressores o surpreendeu com um soco pelas costas. “Fica quieto, fica quieto”, teria dito o suspeito.
A vítima tentou se defender e viu outro homem se aproximando. “Eu pedi ajuda e falei: ‘Moço, estou sendo assaltado’. Ele chega e me dá um soco na barriga”, relatou. “Você vai morrer”, teria afirmado esse agressor. Logo em seguida, um terceiro agressor se juntou ao bando. Todos cercaram o publicitário que, mesmo caído no chão, continuou sendo espancado.
Gravado por câmeras de vigilância, o ataque durou cerca de 25 segundos. “Para mim, pareceu que foram 10 minutos. Eles me batiam e eu gritava: ‘Desculpa, desculpa, desculpa'”, disse. “Eu não sabia o que tinha feito, mas dizia para eles levarem o que quiser. É uma sensação de medo e de autoculpa que eu nem sei de onde vem.”
Os moradores começaram a gritar “pega ladrão”, diz o publicitário. Aparentemente assustados, os homens correram. Coberta de sangue, a vítima, então, pediu ajuda ao porteiro do prédio da frente e ligou para o namorado ir buscá-lo.
Os dois foram ao hospital. Na manhã seguinte, o publicitário registrou o boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial da Consolação e passou por exame de corpo de delito. Também vai passar por cirurgia na próxima semana por causa de duas fraturas no nariz.
Gay, a vítima acredita, por enquanto, que o ataque não foi por homofobia, mas sim uma tentativa de assalto. Segundo relata, os agressores passavam a mão por ele e procuraram objetos nos seus bolsos. Ele estava com um relógio e o celular, mas nada foi levado.
“Sobre homofobia, acredito que pode ter acontecido pela vulnerabilidade da região. Se a polícia disser que é um bando que ataca LGBTs, aí eu vou poder dizer que foi”, afirmou. “Mas em nenhum momento algum deles me chamou de ‘veado’, ou coisas do tipo.”
Na delegacia, ele descreveu os autores do crime. Um homem negro, de cabelo crespo e de barba, com rosto fino e cerca 1,75 metro de altura, que vestia um casaco azul. Outro: um homem branco, de 1,65 metro, com cabelo raspado, de calça jeans e casaco preto. O último era outro homem negro, de 1,65 metro e barba.