Profissão: detetive de animais
As aventuras dos profissionais especializados em recuperar pets perdidos
No filme americano “Ace Ventura” (1994), de Tom Shadyac, o protagonista que dá nome ao longa-metragem, interpretado por Jim Carrey, tem uma profissão inusitada: detetive de animais. Na trama, ele fica responsável por descobrir o que aconteceu com um golfinho desaparecido, mascote de um time de futebol americano. A carreira também existe fora das telonas e vem ganhando adeptos paulistanos. “Por causa da demanda crescente, oferecemos um curso de especialização nessa área a partir de dezembro”, diz Edilmar Lima, diretor da escola e agência Central Única Federal dos Detetives do Brasil, fundada em 1999. “De dez estudantes que se formam conosco, três demonstram interesse pelo campo.” Os Sherlock Holmes dos animais agem em equipes de até três pessoas e costumam cobrar de 1.500 a 5.000 reais por uma semana de trabalho.
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Um dos casos que contaram com ajuda dessa turma ocorreu em maio, quando a advogada Juliana Xavier perdeu a poodle Isabela, de 7 anos. A cadela escapuliu pelo portão da casa, deixado aberto pela empregada doméstica. “Entrei em desespero”, conta Juliana. Ela descobriu na internet o agente Francisco Aguiar, há mais de duas décadas em atividade, que trata não só dos frequentes casos de traição e fraude, com a ajuda de onze funcionários, mas também do desaparecimento de pets. Como de praxe, Aguiar solicitou uma foto da procurada e levantou seus hábitos. Em seguida, executou uma ronda minuciosa pela região, esquadrinhando a pé e de moto terrenos baldios e vias de acesso próximas.
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Perguntou sobre o paradeiro de Isabela a seguranças, porteiros e moradores, espalhou panfletos com foto e solicitou vídeos das câmeras de vigilância instaladas na região. “Sempre deixo claro que há uma recompensa em dinheiro”, explica ele. Menos de um dia após sua contratação, Aguiar encontrou a poodle na companhia de um mendigo. “Valeu apostar no serviço”, diz Juliana.
O episódio teve final feliz, porém nem todos contam com igual desfecho. “Trata-se de um investimento de risco, não podemos dar garantia de que encontraremos algo”, alerta o detetive Ricardo Marcondes, dono de um escritório em Santo André — ele usa fotos e vídeos para comprovar com quem falou e onde procurou durante o expediente. Pode acontecer de o bicho ter sido sequestrado, quase sempre por vizinhos; furtado, no caso de cobiçados cachorros de raça; ou até mesmo morrido. As buscas costumam durar no máximo dez dias. “Quanto antes nos avisarem do desaparecimento, mais chance há de localizar os animais”, afirma Marcondes. Para terem sucesso na empreitada, profissionais como ele chegam a andar com as roupas do dono para aguçar o faro do peludo.
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Os cachorros compõem a maior parte dos fujões. Entretanto, gatos e até pássaros também têm o hábito de se perder por aí. “Lembro quando resgatei uma calopsita que havia fugido da gaiola e tinha sido pega na rua por um motorista que passava”, conta Aguiar, que entrou no ramo por acaso, depois que um tio detetive delegou ao sobrinho um caso de sumiço de um pastor-alemão. O agente já foi responsável pelo resgate de bodes, cavalos e bois furtados de fazendas paulistas. Nessas buscas, ele utiliza equipamentos como binóculos e microfones direcionais que amplificam latidos e miados vindos de até 500 metros de distância.
Para quem preferir evitar dores de cabeça, há no mercado coleiras com GPS que servem para seguir os passos do amigo de quatro patas. Se o imprevisto já aconteceu, além de acionar os Ace Ventura paulistanos, serve de reforço colocar um aviso gratuito em sites especializados, como o Cachorro Perdido, criado em 2002. “A internet dá bastante resultado”, explica o administrador Fábio Motta, idealizador da página. “Recebemos cerca de 600 anúncios por mês de pessoas que perderam e outras que acharam animais na capital.”
OPERAÇÃO RESGATE
Dicas dos profissionais para emergências
– Espalhe folhetos com fotos e questione porteiros, lixeiros e moradores do bairro. Oferecer uma recompensa costuma ajudar no processo.
– Busque em pet shops, veterinários e abrigos próximos.
– Não se esqueça do Centro de Controle de Zoonoses.
– Anuncie gratuitamente em sites especializados, como o Cachorro Perdido.
– Acione a polícia se desconfiar de roubo do pet.
Precisa de ajuda para achar seu animalzinho?
Agência Philadelphia – ☎ 3813-9988 ou 9454-5859.
Central Única Federal dos Detetives do Brasil – ☎ 3522-9170
Detetive Marcondes – ☎ 6530-1515 ou 8555-3770