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Prefeitura não usa verba, e Pompeia volta a inundar

Nos últimos quinze anos, por meio da Operação Urbana Água Branca, grupos empresariais repassaram 74,8 milhões de reais à prefeitura para construir na região

Por Sara Duarte
Atualizado em 5 dez 2016, 18h57 - Publicado em 22 fev 2010, 18h30

 A área entre os bairros da Pompeia e Barra Funda, na Zona Oeste, tem atraído investimentos do setor imobiliário. Nos últimos quinze anos, por meio da Operação Urbana Água Branca, grandes grupos empresariais repassaram 74,8 milhões de reais à prefeitura para poder construir ali empreendimentos com área superior à permitida pela Lei de Zoneamento. Somente as incorporadoras Setin e Helbor, responsáveis pelo complexo Casa das Caldeiras, que terá quatro edifícios residenciais com 96 apartamentos cada um e uma torre de escritórios com 25 andares, pagaram 16 milhões de reais em Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs). Todo esse dinheiro deveria ter sido investido pela administração municipal em obras de infraestrutura, como melhorias viárias, desassoreamento de córregos e construção de um piscinão. Contudo, de toda a verba arrecadada desde 1995, apenas 2,5 milhões de reais foram gastos. Por causa disso, a cada verão, as enchentes se repetem. Na quarta (17), depois de ser atingida por 61,4 milímetros de chuva em menos de uma hora, a região tornou-se um caos. Como mostram as fotos ao lado, do jornal Folha de S.Paulo, bastaram 51 minutos de aguaceiro para o cruzamento entre as avenidas Pompeia e Francisco Matarazzo ficar alagado, deixando veículos e pedestres ilhados. Na Rua do Curtume, na Lapa, a enxurrada chegou a formar ondas. Na Caiowaá, em Perdizes, uma escultura de 400 quilos feita pela artista plástica Alzira Fragoso para a mostra Cow Parade desprendeu-se das amarras e saiu boiando em direção ao Estádio Palestra Itália.

Marlene Bergamo/Folha Imagem

Cruzamento das avenidas alagou após 51 minutos de chuva

De acordo com a advogada Maria Antonieta Lima e Silva, presidente da Associação de Amigos da Vila Pompeia, as enchentes na região começaram há mais de quarenta anos, com a construção do Viaduto Pompeia. “A ponte impermeabilizou aquele trecho da várzea do Rio Tietê, e desde então as galerias pluviais e bocas de lobo do bairro não dão conta de absorver a chuva”, afirma. Em geral, a água que sai do Córrego Água Preta, localizado sob a Avenida Cerro Corá, no Alto da Lapa, escorre rapidamente em direção à Avenida Pompeia e deságua em um terreno plano, mais baixo que o leito do rio. Assim, até que a chuva termine, o trecho entre a Rua Turiaçu e a Avenida Francisco Matarazzo fica submerso. Para tentarem evitar essa situação, proprietários de empreendimentos como o Bourbon Shopping e a concessionária Toyota Caltabiano, inaugurada há seis meses, contam com minipiscinões sob seus prédios. Ainda assim, enfrentam problemas. Na loja de carros, os funcionários ficaram presos. “Os danos só não foram maiores porque temos seis comportas antienchente”, diz o gerente Reginaldo Torres.

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Segundo o secretário adjunto Marcos Rodrigues Penido, da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, não há solução à vista até o próximo verão. No momento, a prefeitura estuda como intervir nos córregos Sumaré, Água Preta, Curtume e Tiburtino. “Não basta limpar apenas as galerias pluviais e achar que a água vai correr naturalmente para o Tietê. É preciso criar novos piscinões, e isso leva tempo”, afirma. “Mas até 2011 pretendemos resolver pelo menos a situação da Rua Guaicurus.”

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