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Prefeitura demole praça que moradores construíram em terreno abandonado

População fez área de lazer e protestou contra decisão da prefeitura gritando "o campo é das crianças"; houve confronto e pessoas ficaram feridas

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 out 2021, 17h10 - Publicado em 5 out 2021, 17h05

Um terreno abandonado no bairro Cachoeirinha, na Zona Norte da capital, é alvo de disputa entre a prefeitura e a população. Nesta segunda-feira (4), houve confronto entre a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e os moradores do local, que protestavam contra a demolição de uma quadra construída pela comunidade no terreno, abandonado pelo poder público. Segundo a população, a GCM agiu com força desproporcional e algumas pessoas ficaram feridas. Em nota, a prefeitura afirma que o terreno pertence a ela e que foi “indevidamente ocupado”.

Durante a tarde desta segunda (4), os moradores e crianças (que usam a quadra) protestavam no terreno, localizado entre as ruas Palmas de São MoisésForte de São Caetano, contra a demolição da quadra. Uma escavadeira realizava a operação, que foi realizada pela subprefeitura da Casa Verde com apoio da GCM no local. Revoltados, os moradores gritavam “o campo é das crianças, o campo é das crianças”.

Em certo momento do protesto, a GCM entrou em confronto com os manifestantes. Segundo os moradores, os agentes agiram com força desproporcional, com disparos com balas de borracha, o que deixou quatro pessoas feridas, como Francisnaldo, que foi atingido na testa e está internado no Hospital do Mandaqui.  Já a prefeitura afirma que pedras foram atiradas na direção dos agentes e, para conter o tumulto, a GCM apenas seguiu o “protocolo de uso progressivo da força”.

imagem dividida em duas: às esquerda, confronto entre manifestantes e a GCM, cada um de um lado da rua, e à direita celular tirando foto de busto de homem com buraco vermelho de bala
Confronto entre a GCM e a população do bairro Cachoeirinha, em protesto contra a demolição da quadra comunitária em terreno abandonado da Prefeitura; segundo moradores da região, 4 pessoas ficaram feridas (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)

O campo estava sendo construído no terreno há cerca de um mês pelos próprios moradores da região e, segundo uma liderança do bairro, o local estava abandonado há tempos. No terreno, também havia aparelhos de ginástica e um jardim comunitário improvisado. Na manhã desta terça-feira (5), toda a estrutura da quadra estava no chão, misturada à lama.

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O terreno pertence à prefeitura. Em nota, a pasta afirma que a obra era irregular e que trazia riscos para quem frequentava a quadra, por isso a embargou. Agora, após a demolição, a gestão diz que vai começar obras para construção de uma quadra e um jardim no local.

Abandono da prefeitura e acolhimento da população

Os moradores da região afirmam que, antes dos cuidados com o terreno, o espaço era perigoso, pois estava abandonado e ficava cheio de lixo, animais e insetos. Imagens de 2019 mostram que o local tinha se tornado um ponto de descarte irregular de lixo.

A transformação do local era uma demanda antiga da comunidade, de acordo com o presidente do Instituto Jardim Peri, Renato Alves Duarte. A instituição, sem fins lucrativos e formada por moradores do bairro, ficou à frente da revitalização do terreno e da construção da quadra. “Eu sou morador do bairro desde que eu nasci, há 41 anos, e sempre me deparei com o terreno totalmente abandonado e largado”, afirma. De acordo com Duarte, foi a comunidade quem cuidou do local até o momento.

Veja a íntegra da nota da Prefeitura:

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP), informa que a referida área é de sua propriedade e foi indevidamente ocupada.

Via denúncia anônima, foi constatada a realização de uma obra que, além de irregular, sem anuência da Cohab, oferecia risco à vida da população por falta de cercamento e com diversos materiais expostos, como alambrados e fiações elétricas, o que poderia ocasionar fatalidades.

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Em uma ação conjunta com a Subprefeitura da Casa Verde e apoio da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, por meio da Guarda Civil Metropolitana (GCM), a obra foi fiscalizada e embargada.

No momento, a Cohab está no processo final de projeto para revitalização da área. A nova obra seguirá todas as exigências legais de execução, com o acompanhamento de engenheiros e técnicos para garantir segurança à população local. O espaço contará com jardim, quadra e iluminação adequados.

Moradores da comunidade reagiram contra a intervenção atirando pedras e pedaços de madeira contra os agentes e a GCM. A ocorrência foi registrada no 72º Distrito Policial. “

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