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Peça achada no DOI-Codi pode ser de período mais recente

Pesquisadores acreditavam que cerâmica era do período pré-histórico

Por Agência Brasil
Atualizado em 22 Maio 2024, 15h45 - Publicado em 18 ago 2023, 11h15
Duas mulheres brancas fazendo escavações
Escavações no DOI-Codi em São Paulo (Rovena Rosa/Agência Brasil/Reprodução)
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A cerâmica achada pelos pesquisadores que fizeram escavações por 13 dias no prédio onde ficava o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) pode ser de um período mais recente do que inicialmente se pensava. A peça foi encontrada no subsolo da edificação, em meio a terra de tonalidade escura e com alta concentração de carvão, o que indica a presença de resíduos domésticos.

O DOI-Codi serviu à ditadura militar, instaurada com o golpe que derrubou João Goulart da presidência da República em 1964. Sob o comando do Exército, o local, que fica no bairro Vila Mariana, era o destino de pessoas que se levantavam contra a ditadura, sendo ali submetidas a sessões de tortura, prisões ilegais, estupros e até mesmo sendo executadas. Também há registros de presos políticos que permaneceram em cárcere no DOI-Codi e desapareceram, sem que muitas de suas famílias jamais soubessem de seu paradeiro.

As informações sobre a cerâmica foram repassadas à Agência Brasil pela coordenadora Cláudia Plens, da área de Arqueologia Forense. Segundo a pesquisadora, há pouca possibilidade de a cerâmica, que deve ser indígena, pertencer ao período da pré-história, por causa do tipo de decoração que a caracteriza. A avaliação é do professor Astolfo Araujo, que exerce livre docência no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).

“Como as construções no bairro são relativamente recentes, é possível que se tratasse de uma casa muito antiga, relacionada a alguma fazenda. Vamos realizar análises químicas para caracterizar melhor esse solo. De todo modo, trata-se de uma descoberta bastante interessante e que pode ajudar a entender a ocupação antiga da cidade fora da área central”, acrescentou Cláudia, que leciona arqueologia histórica no departamento de História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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De acordo com informações do Ministério Público de São Paulo, os pesquisadores estimam que 7 mil pessoas passaram pelo DOI-Codi. O local, entre a criação do destacamento e o fechamento, funcionou de 1969 a 1983.

O grupo de pesquisadores conseguiu desengavetar o projeto, concebido há anos, somente agora, após 14 negativas de agências de fomento à pesquisa. As instituições que financiam a iniciativa são a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Entre as bases para reconstituir a história do DOI-Codi estão os relatos das vítimas, e a meta dos acadêmicos é coletar cerca de 80 depoimentos, o que está sendo feito com a ajuda de voluntários, em virtude das limitações de orçamento.

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