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Palestra sobre gênero em colégio católico vira alvo de críticas

Palestra ministrada por Drauzio Varella faz parte de conferências voltadas para pais de estudantes

Por Estadão Conteúdo
22 set 2017, 11h36

Uma palestra sobre gênero e sexualidade oferecida aos pais de alunos do Colégio São Luís, tradicional escola católica da capital, provocou polêmica nas redes sociais e fez a instituição de 150 anos ser alvo de críticas de internautas, que chegaram a organizar um abaixo-assinado online contra o evento. A repercussão levou o reitor do colégio, padre Carlos Alberto Contieri, a enviar uma carta aos pais, prestando esclarecimentos, mas ressaltando que a atividade seria mantida.

O convite para a palestra, ministrada pelo médico Drauzio Varella, foi publicado na página do colégio no Facebook na segunda-feira (18). O evento faz parte de uma série de conferências voltadas para pais de estudantes do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio sobre temas diversos, como bullying, drogas e internet. O colégio tem mais de 2 500 estudantes.

Após a postagem do evento, alguns internautas começaram a acusar o colégio de promover a chamada ideologia de gênero. As críticas, no entanto, eram minoria. A maioria dos mais de 2 000 comentários era de pais de alunos parabenizando o colégio pela iniciativa e reprovando o posicionamento dos que discordavam do evento.

As críticas, porém, não ficaram restritas às redes sociais. No site O Fiel Católico, ligado à Fraternidade Laical São Próspero, um texto fazia a mesma acusação ao colégio e criticava Varella. Pedia que os católicos incomodados enviassem e-mail para a Arquidiocese de São Paulo, solicitando que o evento fosse cancelado.

Os críticos também criaram uma petição online endereçada à Rede Jesuíta de Educação e à Comissão de Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nela, afirmam que a palestra vai “promover a agenda de gênero – cultura de morte, assim são João Paulo II chamava -, que já foi condenada pelo Santo Padre o Papa Francisco, por atacar à identidade humana naquilo que o ser humano tem de mais belo, a sexualidade”.

Até as 23h30 desta quinta-feira (21), a petição já contava com 1 800 das 2 000 assinaturas almejadas pelos organizadores.
Na carta elaborada pelo reitor e enviada aos pais na noite de quinta, em resposta às queixas, o padre Carlos Alberto Contieri destaca que não há intenção de tratar de ideologia de gênero e critica os internautas que puseram o colégio como alvo.

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“Todos sabemos que os humanos são uma espécie que se divide apenas em dois gêneros, por razões genéticas. Portanto, a palestra não tratará de ideologia de gênero, apenas de questões que afetam a vida humana, especialmente os jovens, relacionadas à sexualidade”, disse. “O apoio declarado ao evento supracitado, vindo de todas as partes, é infinitamente maior do que o ataque rancoroso, agressivo e ofensivo oriundo de um grupo ‘sem rosto’ que talvez pretenda uma religião sem Deus e a fé cristã sem o Evangelho da Misericórdia.”

Em sua mensagem, o reitor utiliza o conceito de um historiador italiano para definir os grupos que atacaram o colégio como “cibermilícias católicas”. Ao Estado, ele diz que todas as críticas vieram de pessoas não ligadas ao colégio. “Não registramos nenhuma reclamação de pais, alunos ou ex-alunos. Os ataques vêm de fora, de pessoas que não falam a verdade e não são capazes de mostrar o rosto nem sua verdadeira identidade”, afirmou ele, referindo-se a supostos perfis falsos no Facebook.
Ele contou que, com a repercussão, foi procurado pelo bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação, dom Carlos Lema Garcia, para dar esclarecimentos. “Acordamos que manteríamos o assunto em pauta e o encontro. A Companhia de Jesus goza de confiança e de credibilidade. Jamais faríamos algo que contrariasse a Igreja”, disse o reitor.

Em grupos de WhatsApp de pais de alunos, a palestra tinha apoio maciço, segundo um pai ouvido pelo Estado, que não quis se identificar. “Essas palestras são promovidas há anos e costumam ser interessantes. Não vi nenhuma manifestação negativa nos grupos. Pelo contrário, os pais ficaram revoltados com as críticas porque queriam ter a oportunidade de ver a palestra”, contou ele.
Contieri afirmou que o apoio foi “tão grande” que as 300 vagas oferecidas para a palestra de Varella se esgotaram rapidamente e tiveram de ser ampliadas para 500.

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A reportagem enviou mensagens por meio do Facebook e do WhatsApp para o grupo O Fiel Católico e para outros críticos da palestra. Mas não obteve nenhuma resposta até as 23h30 de quinta-feira.

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