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O que os 10 maiores clubes da cidade oferecem

Clubes oferecem novidades para atrair paulistano e reverter tendência que chega a uma queda de 25%

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h25 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Até os anos 80, os clubes reinavam quase absolutos na preferência de lazer dos paulistanos. Com a proliferação das academias de ginástica e de condomínios residenciais com áreas comuns cada vez mais bem equipadas, a concorrência aumentou e os sócios foram minguando. Pelos cálculos do Sindicato dos Clubes Esportivos do Estado de São Paulo (Sindiclube), as principais agremiações da cidade perderam 25% de seus associados desde 1996. Em um efeito cascata, a arrecadação diminuiu e, com isso, caíram os investimentos nas instalações e na infra-estrutura também. Para reverter esse quadro de ladeira abaixo, alguns clubes reduziram o valor de seus títulos. É o caso do Esperia, na Zona Norte, que cobra atualmente por um deles 2 520 reais, 30% menos do que há dois anos. Além disso, facilitou o pagamento em 36 parcelas e criou a figura do “sócio amigo”, que pode experimentar o clube por um ano até decidir se vai virar sócio ou não. O resultado não demorou a aparecer. Com esse tipo de promoção, o Esperia conseguiu atrair 2 250 pessoas ao seu quadro de 10 400 sócios – um respiro para um clube que chegou a ter 23 000 na década de 70.

“É comum que um associado desista de seu título na juventude, quando está mais empenhado na carreira, e volte a ele depois de se casar, ter filhos e estabilizar-se financeiramente”, diz Antonio Moreno Neto, presidente do Pinheiros. O clube, que contabilizava 43 000 sócios no início dos anos 90, bateu os 34 700 em 2002, seu pior ano. Para chegar aos atuais 36 000 membros, passou a oferecer abatimentos entre 25% e 95% nas taxas de admissão para ex-sócios ou parentes dos atuais. No Corinthians, a debandada foi ainda maior. Dos 30 000 sócios com carteirinha há dez anos, sobraram 13 000 fiéis. “Mesmo assim, nossa sede anda cheia”, afirma Jorge Rachid, um dos diretores da área social. Acesso livre a espaços como a recém-inaugurada choperia, ao lado da entrada principal, na Rua São Jorge, no Tatuapé, foi uma das táticas para fisgar novos contribuintes. O parque aquático, onde ficam os famosos tobogãs, que podem ser vistos por quem passa de carro pela Marginal Tietê, também ganhou cara nova. E a mais atrativa das medidas: o Corinthians não cobra mensalidade no primeiro ano.

Tudo isso fez com que os dez maiores clubes da cidade ganhassem 9 000 freqüentadores nos últimos cinco anos (para chegar a esse ranking, o Sindiclube leva em conta o número de sócios e funcionários, a área e o orçamento de cada clube). Veja São Paulo visitou todos eles no último mês (leia quadros). A nova geração de sócios escolhe o clube sobretudo pela proximidade de casa, embora prevaleça a condição de que o interessado seja apresentado por alguém que faça parte da agremiação. “Entrei no Paineiras quando me mudei para o Morumbi e estava grávida de meu primeiro filho”, diz a personal trainer Silvana Gava. Como os serviços lhe convêm, ela acabou centralizando sua vida ali. O filho Giovanni, hoje com 6 anos, estuda na escola Pueri Domus, instalada nas dependências do Paineiras. Enquanto ele está na sala de aula, Silvana aproveita para fazer ginástica e brincar no parquinho com o caçula, Enzo, de 1 ano.

A fim de não perder mais gente para as academias, alguns clubes fizeram o óbvio: trouxeram-nas para dentro de suas instalações. O Paulistano, por exemplo, fechou um contrato com os professores da Fórmula, uma das mais conhecidas academias da cidade. A Associação Atlética Banco do Brasil investiu 7 milhões de reais na construção de um prédio que abriga piscina para hidroginástica e diferentes salas para a prática de bike indoor, pilates, ioga, dança e boxe. No Esperia, a sala de musculação, antes exclusiva dos homens, foi transferida de um porão escuro para um pavilhão envidraçado, com vista para a praça central. O Círculo Militar já contratou professores aptos a dar aulas de body combat e power jump, entre outros tipos de aeróbica da moda.

Outras mudanças essenciais ocorreram nos restaurantes, nas atividades infantis e na oferta de diferentes conveniências, como aulas de musicalização para bebês, excursões de ecoturismo para adolescentes e festas animadas por artistas do nível de Daniela Mercury, Jota Quest e Fábio Jr. A Hebraica inaugurou uma lanchonete McDonald’s, uma filial da doceria Amor aos Pedaços e um restaurante japonês. As crianças da Associação Atlética Banco do Brasil foram à loucura com a abertura recente do boliche, da pista de skate, do arvorismo e da tirolesa. “Ultimamente tem vindo muita gente jovem ao clube”, afirma o engenheiro Roberto Britto, de 29 anos, um dos 25 600 sócios do Paulistano. O movimento no clube aumentou 30% depois que uma garagem para 750 carros foi inaugurada, em 2000. Até então, estacionar o carro ali era um problema, já que o Paulistano fica encravado em área predominantemente residencial no Jardim América. Com taxas caríssimas, ele é um dos mais restritivos. No ano passado, apenas 24 pessoas pagaram a transferência de 150 000 reais para se associar ao clube. “O perfil daqui é de famílias tradicionais, que estão no Paulistano há quatro gerações”, diz o presidente, José Manuel Santos.

Para a publicitária Carla Fuertes, sócia do Paineiras, o clube é uma alternativa mais saudável que um shopping e mais segura que uma praça. “Trago minha filha aqui todos os fins de semana para nadar e ir ao cinema”, conta. Até dezembro, o Paineiras deve ganhar uma galeria com chaveiro, locadora de DVD, ótica e sapateiro. “Os clubes têm tradição de cobrar menos por serviços como academia, cabeleireiro e escola”, afirma Mosze Gitelman, vice-presidente administrativo do clube A Hebraica. No salão do Giuseppe, no Palmeiras, pagam-se 10 reais para aparar a barba e, de quebra, o sócio ainda fica por dentro dos bastidores do clube, como as disputas “políticas” pelo comando da sala de bilhar e os planos do time de futebol para 2008. Assunto proibido ali, no entanto, é a dívida de 24,7 milhões de reais em IPTU, uma das dez maiores da cidade, segundo a Secretaria Municipal de Negócios Jurídicos.

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Na origem, a história dos clubes esteve vinculada à preservação da cultura imigrante. Os centenários Pinheiros, Esperia e Clube Atlético São Paulo (Spac) foram fundados, respectivamente, por alemães, italianos e ingleses. Eles trouxeram o futebol e o tênis para o Brasil, além de difundir os hábitos de debutar, fazer sauna, jogar sinuca e bocha. Hoje, as sociedades fechadas conservam esse aspecto de reunir famílias de origem social parecida. Mas a cultura do sócio que “veste a camisa” praticamente acabou. “Para a nova geração, o clube é um prestador de serviços de lazer”, diz o consultor Roberto Libardi, especializado no setor. Exceções só ocorrem entre os atletas competitivos e torcedores de futebol, que nutrem uma relação afetiva com a agremiação.

De acordo com dados do Atlas do Esporte, 80% das quadras e piscinas com medidas oficiais do Brasil estão dentro de clubes. Tem mais. Oito em cada dez atletas competitivos começam suas práticas em agremiações privadas, revelou uma pesquisa da Confederação Brasileira de Clubes. Nos Jogos Pan-Americanos, uma delegação de setenta esportistas e técnicos saiu do Pinheiros, o clube que mais investe em atletas de alto rendimento em São Paulo. Eles conquistaram 23 medalhas. Caso o Pinheiros representasse sozinho um país, teria ficado em 11º lugar no ranking do Pan, à frente de Equador, Porto Rico e Jamaica. Ou seja, ainda que alguns deles estejam com seus cofres comprometidos, não dá para menosprezar a importância dos clubes para São Paulo e para o Brasil.

Club Athletico Paulistano

Endereço: Rua Honduras, 1400,

Jardim América, tel: 3065-2000

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Quanto custa o título: 2 500 reais.

Há uma taxa de admissão de 150 000 reais

Mensalidade: 225 reais (individual) e 375 reais (familiar)

O que tem de novo: campo de futebol e pista de atletismo com pisos sintéticos, bares e restaurantes com cardápios renovados, academia reformada, sala de bike indoor (malhação sobre bicicleta)

São Paulo Futebol Clube

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Endereço: Praça Roberto Gomes Pedrosa, 1,

Morumbi, tel: 3749-8000

Quanto custa o título: 3 000 reais

Mensalidade: 117 reais (individual) e 185 reais (casal)

O que tem de novo: academia ampliada e campeonato interno de futebol patrocinado pela mesma empresa que financia o time profissional

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Associação Atlética Banco do Brasil

Endereço: Estrada de Itapecerica, 1935,

Santo Amaro, tel: 5511-9555

Mensalidade: de 41 a 92 reais (individual), mais taxa de admissão no mesmo valor

O que tem de novo: edifício com academia, sala de ioga, hidroginástica e boliche. Para as crianças, arvorismo, tirolesa e pista de skate

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Esporte Clube Pinheiros

Endereço: Rua Angelina Maffei Vita, 493,

Jardim Europa, tel: 3817-9700

Quanto custa o título: 2 500 reais. Há uma taxa de admissão de 17 800 reais

Mensalidade: 190 reais (individual)

O que tem de novo: quadras com amortecimento no piso, 25 barcos para remo, piscina com tratamento livre de cloro, equipamentos importados na musculação e treinadores estrangeiros para as equipes de handebol, esgrima, pólo aquático e ginástica olímpica

Clube Esperia

Endereço: Avenida Santos Dumont, 1313,

Santana, tel: 6223-3300

Quanto custa o título: 2 520 reais

Mensalidade: 136 reais (individual) e 227 reais (casal)

O que tem de novo: academia com musculação, três salas de ginástica e uma sala de bike indoor. A pista de atletismo vai ganhar piso novo

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